Ciência
04/04/2024 às 10:00•2 min de leituraAtualizado em 04/04/2024 às 10:00
Muitos inventores não ficam satisfeitos com o resultado de suas criações e se arrependem do trabalho, como no caso do “pai da bomba atômica”, Robert Oppenheimer. Quem possui um sentimento semelhante é Wally Conron, responsável por criar a raça labradoodle.
Em entrevista à ABC em 2019, o australiano expressou seu arrependimento em relação à criação da raça que é uma mistura de labrador com poodle. De acordo com ele, o experimento deu origem a um pet propenso a diversos problemas de saúde, além de ter incentivado muitas pessoas a investirem em cruzamentos inadequados e danosos aos animais.
A displasia do quadril, que causa dores e dificulta os movimentos, podendo gerar problemas em outras partes do corpo, é uma das doenças às quais estão propensos os labradoodles. Também há relatos de distúrbios neurológicos, como a epilepsia, além de outras enfermidades comuns às raças que deram origem a eles.
Na ocasião, ele disse não entender como criadores continuam a fazer misturas sem conhecimento, mesmo tendo ciência que os pets podem ter a saúde comprometida. “As pessoas estão apenas criando por dinheiro, criadores sem escrúpulos estão cruzando poodles com cães inadequados simplesmente para poderem dizer que foram os primeiros a fazê-lo”, comentou, durante a entrevista.
Getty Images/Reprodução O labradoodle original era um cão guia. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
A ideia para a criação do labradoodle surgiu após Conron ser procurado por uma mulher com deficiência visual que precisava de um cão-guia, porém o marido dela tinha alergia aos cachorros de pelo comprido. A solução encontrada pelo especialista canino foi desenvolver uma raça mesclando a pelagem curta do poodle com a obediência e o temperamento típicos do labrador.
O experimento científico, realizado em 1989, resultou em três filhotes. Após testes com o pelo e a saliva dos recém-nascidos, o casal que morava no Havaí (Estados Unidos) recebeu Sultan, que passou por treinamentos e se tornou o primeiro cão-guia labradoodle do mundo.
Com a fama de Sultan, diversos outros profissionais começaram a investir no cão mestiço e ele não ficou mais restrito ao público que necessitava de um cão-guia que não causasse alergia. Apesar do sucesso, o australiano afirma se arrepender da sua criação, após perceber “pessoas antiéticas e cruéis” se aproveitando do seu trabalho.
Getty Images/Reprodução A raça é considerada inteligente e brincalhona. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
De modo geral, os tutores se mostram satisfeitos com seus labradoodles, como relata a BBC. Eles descrevem a raça como inteligente, divertida e muito companheira para pessoas de todas as faixas etárias, além de calma e silenciosa. Muitas pessoas também destacam a característica hipoalergênica desses pets, permitindo criá-los mesmo tendo alergia.
Quanto aos problemas de saúde mencionados pelo criador australiano, os tutores afirmam não notar muitas diferenças em relação a outras raças.