O que é napalm e quem o inventou?

Quem escuta o nome "napalm" instintivamente acaba pensando na Guerra do Vietnã, um conflito armado ocorrido entre 1959 a 1976 na luta pela unificação do país. Mas afinal, o que realmente é o napalm? Quem foi o responsável por criar esse armamento e como ele funciona?

O napalm surgiu de uma mudança dramática na estratégia dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. Na década de 1930, várias forças aéreas ao redor do mundo desenvolveram a doutrina do bombardeio estratégico de precisão para prejudicar a capacidade do inimigo de travar a guerra, levando a conflitos mais rápidos e decisivos. Porém, a estratégia se mostrou falha com o tempo.

Guerras por bombardeios

Quando os primeiros ataques por bombardeio de precisão surgiram, os estrategistas militares presumiram que seus inimigos jamais poderiam combater essa ameaça. Contudo, em 1939, a tecnologia de caça e artilharia antiaérea havia avançado o suficiente para que os bombardeiros fossem alvos fáceis. Isso fez com que os britânicos, por exemplo, coordenassem ataques aéreos noturnos para dificultar a visualização das aeronaves.

Mas isso também fez com que fosse quase impossível identificar onde essas bombas estavam sendo arremessadas. Como consequência, o bombardeio aéreo acabou com qualquer distinção entre combatentes e civis definido por guerras anteriores. 

Criação do napalm

Em 1944, os EUA desenvolveram um novo tipo de bomba incendiária, carregada com uma substância potente chamada "napalm". Essa bomba foi inventada em julho de 1942 por pesquisadores da Universidade de Harvard. Ela era feita de divinil acetileno, um óleo de secagem sintético usado em tintas e revestimentos.

Quando exposto ao oxigênio, esse material era capaz de explodir violentamente. O napalm foi usado pela primeira vez em lança-chamas no ano de 1943, durante a invasão norte-americana à Papua-Nova Guiné. Nenhum conflito, no entanto, está mais intimamente associado ao napalm do que a Guerra do Vietnã.

Durante o conflito, as densas selvas do país forneceram excelente cobertura para que o Exército do Vietnã do Norte e as tropas do Viet Cong pudessem frustrar os esforços americanos e sul-vietnamitas para localizar e destruir as forças inimigas. Com isso, o napalm provou ser uma arma ideal para limpar grandes áreas de terra e foi amplamente utilizado a partir de fevereiro de 1962.

Destruição em massa

Entre 1963 e 1973, mais de 400 mil toneladas de napalm foram lançadas na região do Vietnã. Devido à sua viscosidade e altas temperaturas de queima, o armamento causava queimaduras muito profundas em suas vítimas e graves demais para curar. E não demorou muito para que as primeiras imagens aterrorizantes de pessoas feridas por napalm chegassem à imprensa internacional.

A fotografia tirada pelo fotógrafo da Associated Press Nick Ut em 1972, que mostra um grupo e crianças vietnamitas fugindo de uma vila bombardeada por napalm, foi inclusive vencedora de um Prêmio Pulitzer. Tais notícias fizeram com que o líder dos direitos civis Martin Luther King Jr. se opusesse publicamente à guerra. 

O uso de napalm no Vietnã deixou o inventor do armamento, Louis Fieser, tão incomodado que ele pediu para remover todas as menções à sua criação mais famosa em sua autobiografia de 1967. Mesmo com a repulsa global criada pelo napalm, esse tipo de incendiário continua sendo utilizado até hoje em circunstâncias limitadas, escancarando a capacidade destrutiva dos seres humanos.