Olhos de vieira: design do molusco é adaptado em novo modelo de microscópio

05/03/2024 às 14:002 min de leituraAtualizado em 05/03/2024 às 14:00

Parentes próximos dos mexilhões, as vieiras não apenas conseguem ver, mas seus até 200 olhos são capazes de detectar predadores, como uma estrela-do-mar, por exemplo, se aproximando sorrateiramente. Mas, ao contrário do olho humano, que funciona como uma lente, os olhos da vieira usam um espelho côncavo para focar a luz, e contêm duas retinas. 

Esses olhinhos, localizados na borda do manto que reveste as conchas desses moluscos bivalves, estão sendo descobertos aos poucos pela ciência, até mesmo como inspiração para o design de objetivas de microscópios. Um estudo publicado na Current Biology revelou que os olhos de vieira têm pupilas que se dilatam e contraem conforme a luz, e são bem mais reativos do que se pensava. 

Usando simulações de computador, os pesquisadores descobriram que, quando a luz entra diretamente no campo visual das vieiras, ela sensibiliza a parte superior das retinas. No entanto, quando incide em ângulo, a luz vai para a retina inferior, incrementando a capacidade da visão periférica, especialmente em condições de penumbra, explicaram os pesquisadores à revista Science.

Como funcionam os olhos das vieiras?

Segundo o estudo, à medida que a luz penetra o olho de uma vieira, ela passa pela pupila, um cristalino, duas retinas (distal e proximal), até atingir um espelho feito de cristais de guanina, semelhante aos que equipam o Telescópio Espacial Hubble, na parte posterior do olho.

Esse espelho curvo atua como um refletor, direcionando a luz para a superfície interna das retinas. Ali, fotorreceptores convertem a luz em sinais neurais transmitidos para um pequeno gânglio visceral, um aglomerado de células nervosas que controlam o intestino e o músculo adutor, justamente a parte da vieira mais apreciada na culinária.

Em comunicado, o autor sênior do estudo da Current Biology, Dan Speiser, da Universidade da Carolina do Sul, nos EUA, explica que a luz próxima do espelho não desfoca porque as pupilas das vieiras são capazes de abrir e contrair. E, embora essas respostas pupilares não sejam tão rápidas quanto às humanas, alteram o diâmetro da pupila em até 50%. 

Copiando o design dos olhos de vieiras em novos modelos de microscópio

(Fonte: Dan-Eric Nilsson/Universidade de Lund)  Dan-Eric Nilsson/Universidade de Lund (Fonte: Dan-Eric Nilsson/Universidade de Lund)

Recentemente, uma equipe de pesquisadores liderada pelo neurocientista Fabian Voigt, da Universidade de Zurique, se inspirou nos olhos das vieiras para criar um novo modelo de microscópio. 

O protótipo foi feito a partir de um telescópio Schmidt, instrumento astronômico que faz correção óptica para obter imagens de campo amplo com alta qualidade. A equipe simplesmente preencheu o telescópio comum com um meio de imersão líquida e o reduziu. 

Com isso, a objetiva resultante funciona como um minitelescópio que, apesar de submerso, continua fornecendo imagens nítidas. Usando um espelho esférico em vez de lentes, como aprendido com as vieiras, os cientistas poderão em breve examinas tecidos tumorais humanos ou detectar doenças neurológicas.

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