Ciência
07/05/2024 às 20:00•2 min de leituraAtualizado em 11/07/2024 às 10:54
Você já se pegou estando num lugar silencioso e ter tido a impressão de que alguém te chamou, mesmo sem ter ninguém por perto? Parece até coisa de filme de terror, não é mesmo? Tanto que há quem diga que "é a morte chamando". Por outro lado, pessoas mais religiosas dizem que isso é algum tipo de conexão espiritual com um ente falecido. Contudo, a ciência tem outro nome para esse fenômeno: pareidolia auditiva.
Sim, pode ficar em completa paz. Ouvir vozes, frases ou até música onde não existe é mais comum do que se possa imaginar. E tudo isso é culpa de nosso cérebro, que é uma máquina em busca de tentar entender o mundo, nem que para isso ele cometa alguns erros.
Pode ser que você já tenha ouvido falar no termo pareidolia, mas em outra situação. Sabe quando olhamos para uma nuvem e dizemos que ela parece com um animal, ou quando vemos uma mancha na parede e dizemos se tratar de Jesus ou algo nesse sentido? Pois bem, isso é pareidolia.
Esse fenômeno ocorre quando nosso cérebro interpreta algum estímulo com algo que nos é familiar. É uma maneira do nosso poderoso órgão encontrar um padrão em meio ao caos, dando um sentido para aquela informação. Portanto, no caso de vermos um "rosto feliz" num objeto comum como uma lixeira, é só nosso cérebro tentando dar um significado a um simples objeto. Nessa situação, estamos diante da pareidolia visual.
Porém, esse processo neuropsicológico também ocorre com sons, recebendo assim o nome de pareidolia auditiva. Aqui, ao ponto que somos expostos a ruídos aleatórios, o nosso cérebro buscará transformar esse som "sem sentido" em algum som que tenha um nexo para nós. E o que mais familiar que o nosso nome, não é mesmo?
Mas não é apenas com o nosso nome que a pareidolia auditiva se apresenta. A pessoa pode ouvir frases, palavras aleatórias e até mesmo músicas. Tudo vai depender do som que está sendo emitido.
Esse fenômeno, por exemplo, é bem comum em barulhos como o "ruído branco", que muita gente gosta de ouvir para dormir. Por ser construído com ruídos constantes e aleatórios, não é estranho que comecemos a perceber padrões onde não existem, só para satisfazer nossa necessidade de sentido.
Ao longo da história humana, a capacidade de reconhecer padrões e extrair significado de informações sensoriais foi crucial para nossa sobrevivência. Basta pensar que, ao estar em um ambiente barulhento, é essencial detectar ameaças ou sinais de comunicação. Perceber o perigo podia ser a diferença entre viver e morrer.
É por isso que o nosso cérebro se desenvolveu de uma forma a estar sempre pronto para encontrar padrões de linguagem mesmo em meio ao ruído, mesmo que às vezes isso signifique interpretar erroneamente os sons que ouvimos.
É importante ressaltar que a pareidolia auditiva não é um sinal de doença mental. Não é uma alucinação no sentido clínico do termo. Em vez disso, é uma manifestação normal da forma como nosso cérebro processa informações sensoriais.
Claro, em alguns casos extremos, a pareidolia auditiva pode ser associada a condições médicas, como a esquizofrenia, mas na maioria das vezes é apenas uma peculiaridade do funcionamento do cérebro humano.
Caso passe por isso, não entre em pânico. Você não está "perdendo a cabeça". Em vez disso, tente identificar a fonte do ruído que desencadeia essas experiências e depois o retire. Simples assim.