Artes/cultura
13/05/2024 às 14:00•2 min de leituraAtualizado em 13/05/2024 às 14:00
O número padrão de dedos nos mamíferos — cinco — é uma característica intrigante que tem desafiado os cientistas há décadas. Ao observar a anatomia de várias espécies, desde gatos e cães até cangurus e humanos, a recorrência desse padrão levanta a questão: por que cinco? Vamos mergulhar nas complexidades da evolução para entender por que a maioria dos mamíferos compartilha esse padrão de cinco dedos.
A resposta para a prevalência de cinco dedos em mamíferos remonta aos seus antepassados tetrápodes. Os tetrápodes, que incluem mamíferos, répteis, anfíbios e aves, possuem um padrão comum de desenvolvimento, em grande parte controlado por genes chamados Hox. Esses genes desempenham um papel crucial na formação do esqueleto e no padrão de crescimento dos membros.
O gene chamado Sonic hedgehog — isso mesmo, o nome do personagem dos videogames —, por exemplo, influencia diretamente o desenvolvimento dos dedos nos embriões, determinando quantos dedos se formarão e sua disposição. No entanto, a questão persiste: por que esse número específico?
Os estudos sugerem que a evolução favoreceu essa configuração como uma adaptação eficaz. Embora existam variações (como cavalos com um único dedo ou aves com um osso de dedo fundido), a estabilidade evolutiva desse plano de cinco dedos pode ser atribuída à seleção natural. A vantagem adaptativa desse arranjo pode ter fornecido uma base estável ao longo de milhões de anos de evolução.
Apesar da prevalência do padrão de cinco dedos, a variabilidade genética permite que ocorram mutações, resultando em fenótipos como a polidactilia (mais de cinco dedos). A polidactilia, embora rara em mamíferos, demonstra que a estabilidade do plano de cinco dedos não é absoluta.
Estudos recentes sugerem que mutações específicas, como aquelas no gene Sonic hedgehog, podem levar a variações no número de dedos. No entanto, a ausência generalizada de espécies com mais de cinco dedos levanta questionamentos sobre a evolução dessa característica.
A canalização genética, onde características estáveis se mantêm ao longo do tempo devido à estabilidade evolutiva, pode explicar por que o número cinco se tornou dominante. Essa teoria sugere que, se um padrão é funcional e oferece uma vantagem adaptativa, há menos pressão para ocorrerem mudanças significativas ao longo do tempo evolutivo.
A questão de por que a maioria dos mamíferos possui cinco dedos é complexa e fascinante, destacando a interação entre genética, evolução e adaptação. Embora muitas respostas tenham sido encontradas nos mecanismos moleculares e nos processos de desenvolvimento, ainda existem mistérios a serem desvendados.
A presença desse padrão em uma ampla gama de espécies sugere uma história evolutiva compartilhada, enraizada em adaptações que se mostraram vantajosas ao longo de milhões de anos.