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20/10/2024 às 03:00•2 min de leituraAtualizado em 23/10/2024 às 12:24
Você já parou para pensar por que os dias parecem voar conforme ficamos mais velhos? As férias intermináveis da infância agora passam num piscar de olhos, e os anos parecem escorregar pelas nossas mãos. A sensação de que o tempo acelera com a idade é comum, mas a ciência tem algumas teorias que podem explicar esse fenômeno.
Uma das explicações mais aceitas está relacionada à quantidade de novas informações que processamos ao longo da vida. Robert Ornstein, um psicólogo que estudou a percepção do tempo nos anos 1960, descobriu que o tempo parece se alongar quando estamos lidando com algo novo ou interessante. Em seus experimentos, ele mostrou que os participantes sentiam que imagens mais complexas e sons com mais variação faziam o tempo parecer mais longo, mesmo que tivessem sido expostos a essas imagens e sons pelo mesmo período que outros menos interessantes.
Conforme envelhecemos, a novidade da vida começa a desaparecer. Lugares e rotinas que antes eram desconhecidos e empolgantes tornam-se familiares, e nosso cérebro gasta menos energia para processá-los.
Dr. Christian Yates, da Universidade de Bath, explica que as crianças, por exemplo, veem o mundo com um olhar fresco e curioso. Elas dedicam muito mais atenção aos detalhes ao redor, o que faz com que o tempo pareça se arrastar. Adultos, por outro lado, já estão tão acostumados com seu ambiente que tendem a passar pelos dias no piloto automático. "Isso significa que as crianças precisam de muito mais energia cerebral para reconfigurar suas ideias sobre o mundo exterior", conta Yates.
Esse esforço mental torna a percepção de tempo mais lenta para os pequenos, enquanto, para os adultos, presos em suas rotinas, o tempo parece correr. Afinal, quem nunca se surpreendeu ao perceber que já estamos em outubro, quando parecia que o ano mal havia começado?
Outra explicação interessante envolve a forma como nosso cérebro processa imagens à medida que envelhecemos. O professor Adrian Bejan, da Universidade Duke, sugere que, quando somos jovens, nosso cérebro processa informações visuais de forma muito mais rápida e eficiente. Isso resulta em mais "imagens mentais" por dia, criando a sensação de que os dias são mais longos e cheios de acontecimentos.
Com o tempo, nossos nervos e neurônios se tornam mais complexos e o processamento dessas imagens desacelera. "O presente é diferente do passado porque a visão mental mudou, não porque o relógio de alguém tocou", explica Bejan. Assim, a lentidão no processamento das informações dá a impressão de que os dias são mais curtos, pois estamos capturando menos detalhes e imagens mentais.
Além disso, a "teoria proporcional" também faz sentido: à medida que envelhecemos, um mês ou um ano representa uma fração menor da nossa vida. Um ano na vida de uma criança de 10 anos é 10% de toda sua existência, enquanto para alguém de 50, é apenas 2%.
Embora essas teorias ainda estejam sendo investigadas, uma coisa parece certa: quanto mais novidades e experiências tivermos, mais ricos e longos parecerão nossos dias. Então, vale a pena sair da rotina e se aventurar em novas descobertas sempre que possível. Afinal, quanto mais vivemos, mais o tempo parece querer correr, e cabe a nós desacelerá-lo com boas histórias.