Terra congelada: como a 'bola de neve' primordial moldou a vida no planeta

24/08/2024 às 18:002 min de leituraAtualizado em 24/08/2024 às 18:00

Uma equipe internacional de geólogos fez uma descoberta impressionante que oferece novas perspectivas sobre a história geológica da Terra: evidências sólidas de que, há cerca de 700 milhões de anos, nosso planeta estava completamente coberto por gelo, transformando-se numa verdadeira "bola de neve"

Esse período gelado, conhecido como glaciação Sturtian, ocorreu entre 662 milhões e 720 milhões de anos atrás e teve um papel crucial na evolução da vida complexa. O estudo foi publicado recentemente no Journal of the Geological Society of London.

Registro de mudanças climáticas

A Terra como uma 'bola de neve
A Terra como uma "bola de neve". Terá sido esse um ponto crucial para o surgimento de vida no planeta? (Fonte: Getty Images/ Rerodução)

Os cientistas descobriram o registro geológico mais completo desse período na Formação Port Askaig, uma sequência de rochas que se estende por partes da Escócia e da Irlanda. Essas rochas, com até 1,1 km de espessura, preservam a transição climática de um ambiente tropical para uma Terra completamente congelada

Essa transição é especialmente visível em um afloramento nas Ilhas Garvellach, na Escócia, onde é possível observar através de suas rochas as mudanças climáticas que ocorreram ao longo de milhões de anos. 

Os cientistas destacam a singularidade desse registro, pois, em outras partes do mundo, as rochas da mesma época não mostravam essa transição. Isso ocorre porque, ao contrário de locais como a África e a América do Norte, onde as evidências foram apagadas por processos geológicos, a Escócia manteve essas camadas praticamente intactas.

A descoberta de zircões, minerais que contêm urânio e permitem a datação precisa das rochas, foi essencial para determinar a idade das formações. Extremamente duráveis, os zircões preservam informações sobre a época em que as rochas foram formadas. A análise dessas amostras confirmou que as rochas de Port Askaig datam da glaciação Sturtian, evidenciando o início do Período Criogeniano no registro geológico.

Nasce a vida

Ilhas Garvellach guardam informações cruciais para sabermos mais da origem de vida na Terra. (Fonte: Graham Shields, UCL/ Divulgação)
Ilhas Garvellach guardam informações cruciais para sabermos mais da origem de vida na Terra. (Fonte: Graham Shields, UCL/ Divulgação)

Antes desse período, a Terra era um lugar muito mais quente, e a vida consistia principalmente em organismos unicelulares e algas. No entanto, o frio extremo e a transformação da Terra em uma bola de neve parecem ter desempenhado um papel fundamental no surgimento da vida multicelular.

Os cientistas acreditam que, durante essa fase de congelamento, organismos unicelulares podem ter começado a cooperar, formando as primeiras formas de vida multicelular que, eventualmente, dariam origem aos animais.

Segundo essa teoria, a natureza hostil desse período teria forçado esses organismos a desenvolverem estratégias de sobrevivência mais sofisticadas, levando ao que os cientistas chamam de "explosão de vida" logo após o fim da glaciação. 

Quando o planeta começou finalmente a descongelar, a vida teve que se adaptar rapidamente às novas condições, desencadeando uma corrida evolutiva que resultou na diversidade biológica que conhecemos hoje.

Se confirmada, essa designação atrairia cientistas e entusiastas de todo o mundo, transformando as ilhas Garvellach em um verdadeiro ponto de referência para o estudo da história geológica da Terra.

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