Terremotos podem criar pepitas de ouro? Entenda o que sugere novo estudo

05/09/2024 às 06:002 min de leituraAtualizado em 05/09/2024 às 06:00

Durante muito tempo, acreditava-se que a formação de pepitas de ouro estava diretamente ligada a fluidos ricos em minerais que subiam das profundezas da crosta terrestre, carregados por terremotos e calor extremo. Porém, um novo estudo feito pela Monash University, CSIRO e Australian Nuclear Science and Technology Organisation tem questionado essa teoria.

"Embora essa teoria seja amplamente aceita, ela não explica totalmente a formação de grandes pepitas de ouro, especialmente considerando que a concentração de ouro nesses fluidos é extremamente baixa", afirmou o geólogo Chris Voisey, da Monash University, em declaração oficial. Voisey e sua equipe descobriram algo que pode revolucionar a forma como enxergamos a formação do ouro: o segredo pode estar na eletricidade gerada pelos cristais de quartzo durante os tremores de terra.

O caminho para o ouro

Depósitos de ouro podem ser encontrados em cristais de quartzo após terremotos. (Fonte: Getty Images)
Depósitos de ouro podem ser encontrados em cristais de quartzo após terremotos. (Fonte: Getty Images)

O quartzo, um mineral comum nas jazidas de ouro, possui uma característica intrigante: quando sujeitado a pressão, ele gera uma carga elétrica, um fenômeno conhecido como efeito piezoelétrico. Com cada tremor da crosta terrestre, as rochas de quartzo se enchem de pequenas correntes estáticas. Enquanto isso, o ouro pode reagir a essas correntes por ser um excelente condutor, facilitando a formação de pepitas de ouro em locais específicos.

Para testar essa hipótese, os cientistas colocaram pequenas lajes de quartzo em soluções aquosas contendo ouro. Metade dessas lajes foi submetida a uma simulação de terremoto, vibrando 20 vezes por segundo durante uma hora, enquanto a outra metade permaneceu imóvel como grupo de controle. Após analisar as lajes com um microscópio eletrônico, os pesquisadores descobriram que pepitas de ouro micrométricas haviam se formado naquelas que foram agitadas, enquanto nenhuma mudança ocorreu nas lajes de controle.

"Cada uma dessas ondas pode distorcer o cristal de quartzo e causar a formação de uma voltagem piezoelétrica, que terá alguma chance de reduzir o ouro na solução próxima", explicou Voisey. O processo, replicado em laboratório, sugere que essas pequenas descargas elétricas podem ser o gatilho que acumula ouro em grandes quantidades ao longo do tempo na escala geológica.

Mistérios da natureza

De acordo com pesquisadores, tremores causam a formação de uma voltagem piezoelétrica nos quartzos. (Fonte: Getty Images)
De acordo com pesquisadores, tremores causam a formação de uma voltagem piezoelétrica nos quartzos. (Fonte: Getty Images)

Essa recente descoberta pode explicar algo que intrigava os geólogos há muito tempo: o porquê das veias de ouro parecerem "flutuar" nas fendas de quartzo. O efeito piezoelétrico do quartzo pode ser a chave para entender como o ouro se acumula de maneira tão rica e concentrada, guiado por uma espécie de "tempestade de relâmpagos minerais" gerada pelo tremor da Terra.

Embora o experimento tenha usado soluções concentradas e longos períodos de agitação, Voisey acredita que, na natureza, o processo ocorre em uma escala de tempo geológica, mas ainda assim relativamente rápido. Sem a faísca adicional do quartzo sob pressão, seria difícil explicar como o ouro se acumula em depósitos tão ricos.

Assim, o que antes parecia ser apenas mais um mistério geológico começa a ser desvendado. "Uma vez que um pouco de ouro é depositado, essa chance aumenta porque o ouro agirá como um catalisador para novas reações, devido à sua condutividade", concluiu Voisey. 

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