Ciência
17/09/2015 às 08:05•4 min de leitura
Talvez nunca tenha passado pela sua cabeça, mas muitos problemas pessoais, profissionais e de relacionamentos em geral poderiam ser evitados ou resolvidos de uma maneira menos traumática se soubéssemos lidar melhor com as outras pessoas.
Quando entendemos um pouco melhor algumas questões sobre comportamento humano, conseguimos nos relacionar melhor com aqueles que, de alguma forma, fazem parte da nossa vida. Se você sente que tem problemas para se comunicar efetivamente e ser ouvido, por exemplo, talvez o que falte seja um pouco de técnica na maneira como você se aproxima do seu público-alvo.
A revista Time publicou uma série de dicas para aquelas pessoas que precisam da ajuda de outras, seja por um trabalho em equipe ou para chamar a atenção do professor para um projeto novo, por exemplo. Elas são fundamentais para quem busca melhorar relacionamentos interpessoais e, claro, formar uma boa rede profissional. Confira a seguir:
O economista comportamental Dan Ariely defende a eficiência da aplicação do que chama “efeito isca”. Você pode entender do que se trata com um exemplo bem simples: imagine que determinado jornal está fazendo uma oferta para a venda de assinaturas.
Para o cliente que vai receber a versão online do conteúdo, a assinatura custa R$ 50,00. Já quem vai receber a versão impressa vai pagar R$ 100,00. Para fazer com que as pessoas escolham a assinatura mais cara, adicionamos uma terceira opção: um pacote, também custando R$ 100,00, que une tanto a versão online quanto a impressa.
Por saber que a terceira opção custa tanto quanto a segunda e, de quebra, ainda oferece os dois serviços, é bem possível que o jornal venda mais assinaturas de R$ 100,00. “Em outras palavras, se você está tendo dificuldades para vender o mais caro de dois produtos, considere adicionar uma terceira opção cuja única função é fazer com que o produto caro pareça mais atraente”, resume a publicação.
Às vezes, quando você quer uma coisa, a melhor maneira não é falar exatamente sobre ela. Imagine seu cérebro como um oceano. Aquilo que você pensa conscientemente é a ponta de um iceberg; seus estímulos inconscientes, o iceberg submerso.
Já sabemos, por exemplo, que determinados estímulos conscientes podem “despertar”, por assim dizer, atitudes inconscientes. Para entender melhor, usamos um exemplo que está no livro “You Are Not So Smart”. Nesse exemplo, participantes de um jogo envolvendo apostas optaram por ficar com mais dinheiro quando estavam em uma sala com uma pasta, um portfólio de couro e uma caneta tinteiro em relação a quando estavam em uma sala com objetos mais simples e neutros.
A questão é que, mesmo os participantes não tendo noção do que estava acontecendo, eles se tornaram mais competitivos quando estavam em um ambiente com uma decoração mais empresarial. Quando você quer ter uma conversa menos competitiva, o ideal é escolher uma cafeteria, por exemplo, em vez de uma sala de reuniões empresariais.
De acordo com o psicólogo Robert Cialdini, a reciprocidade pode ser muito mais produtiva do que imaginamos. Digamos que aquele seu colega ótimo em Física tirou uma nota ruim em Língua Portuguesa, e você, gênio das letras, se oferece para dar umas dicas de redação.
Esse seu colega vai, certamente, ajudar você a entender melhor aquela matéria sobre eletricidade. Na verdade, ele vai ter uma sensação de obrigação, de necessidade de fazer o mesmo por você. Então, antes de pedir ajuda, a dica é ver se a pessoa para quem você vai pedir essa ajuda não está com dificuldade em algum sentido. Se estiver e se você puder ser útil de alguma maneira, é só se prontificar a dar uma mãozinha.
Nós já demos algumas dicas aqui no Mega Curioso para que você se torne um expert em linguagem corporal. quando aconselhamos você a ser um espelho, é justamente a esse ponto que queremos chegar: imitar a linguagem corporal de quem está falando com você é uma forma de fazer com que essa pessoa vá com a sua cara e, consequentemente, conceda alguma ajuda ou, no mínimo, preste atenção ao que você está falando.
Cientificamente, isso é conhecido como o “efeito camaleão”, que é basicamente o fato de que as pessoas tendem a gostar quando a pessoa com quem estão falando imita seus gestos e suas expressões faciais. Pesquisas relacionadas a esse fenômeno revelaram que ele acontece de forma inconsciente, sem que as pessoas percebam isso.
Tão importante quanto o que você quer dizer é a forma como isso acontece. Pesquisas recentes revelaram que quando alguém discorda daquilo que você está dizendo, responder falando mais rápido é uma boa forma de fazer com que essa pessoa mude de ideia, pois assim ela terá menos tempo de processar o que você está dizendo.
O mesmo acontece no sentido contrário: se a pessoa com quem você está falando concorda com o que você está dizendo, o conselho é falar mais devagar, para que ela tenha tempo para avaliar a sua mensagem.
Em um estudo recente, os pesquisadores avaliaram os efeitos de duas versões diferentes da mesma pergunta: “Quão importante é para você VOTAR na eleição de amanhã?” e “Quão importante para você é ser um ELEITOR na eleição de amanhã?”. A mudança nas sentenças foi pequena, mas, nos resultados, significativa.
Os pesquisadores observaram que os voluntários que responderam à pergunta com a palavra “eleitor” tinham uma tendência maior de votar em determinado candidato no dia seguinte. Isso acontece porque as pessoas gostam da sensação de que pertencem a determinado espaço ou grupo, por isso o uso do substantivo é ideal, pois deixa a frase mais pessoal e, consequentemente, cria uma identidade.
Quando estiver tentando convencer alguém a fazer alguma coisa, o conselho é enfatizar ao interlocutor o que ele está prestes a ganhar em vez de dizer o que ele pode perder. Na hora de vender um carro, por exemplo, dizer “Eu quero R$ 15 mil pelo carro” é muito menos eficiente do que dizer “Você leva meu carro por R$ 15 mil”. Fica a dica, vendedores.
E você, tem alguma dica infalível para ter uma boa relação com as outras pessoas? Conte para a gente nos comentários!