Ciência
19/11/2018 às 05:30•3 min de leitura
A história do Brasil é cercada por diversos acontecimentos marcantes que são homenageados anualmente em nossa cultura. Um deles é o Dia da Consciência Negra, que marca a luta contra a repressão e a escravidão, em busca de direitos iguais. O que muitas pessoas não sabem é que essa data foi escolhida por ser também a da morte do Zumbi dos Palmares. Mas quem foi ele? E qual a sua importância para a trajetória do país? Vamos contar um pouco aqui.
Nasceu como homem livre por volta de 1655 (algumas das datas não são precisas, devido à pouca documentação da época), na antiga Capitania de Pernambuco, atual estado do Alagoas. Há informações divergentes sobre quando a criança foi tomada de seus pais, mas a versão com mais reforço histórico foi de que isso se deu quando ele tinha 7 anos. Brás da Rocha Cardoso foi o responsável pelo ato e entregou o jovem para a Igreja, mais especificamente ao Padre Antônio Melo.
Sob os cuidados do eclesiástico, o garoto foi batizado, então com a alcunha de Francisco. Estudou Língua Portuguesa e Latim, algo incomum para jovens prisioneiros da época. Com 10 anos, já era fluente e apresentava uma capacidade cognitiva incomum para escravos e até mesmo para crianças livres, segundo registram algumas passagens históricas.
Aos 15 anos, deixou para trás a cidade de Porto Calvo — fugido, obviamente — e voltou para Serra da Barriga, local de seu nascimento. Em seguida, deixou de lado também seu nome português e passou a ser conhecido como Zumbi. O rei dos Palmares na época era Ganga Zumba, que logo adotou o jovem prodígio.
Destaque como um dos principais quilombos do país, em seu auge contou com mais de 30 mil pessoas. Os primeiros assentamentos começaram por volta de 1590, quando escravos fugindo das pressões feitas pelos grandes fazendeiros e outros senhores encontraram um lugar com um acesso relativamente difícil e que poderia abrigar pessoas.
Os mocambos (povoamentos) que faziam parte do quilombo abrigavam bastante gente, e logo a agricultura foi desenvolvida a ponto de os governantes se sentirem incomodados com o crescimento do local. Pois com as colheitas vieram também negócios com as cidades próximas, algo inaceitável para uma grande parte da população.
Ganga Zumba foi um grande negociador e conseguiu manter a paz entre seu povo e os brancos dominantes da época. Mas isso não veio facilmente. As constantes incursões feitas na tentativa de derrubar o local desgastaram toda a comunidade e custaram inúmeras vidas.
Em 1675, Zumbi liderou um contra-ataque para combater as tropas do Sargento-mor Manuel Lopes Galvão, que havia conquistado um dos principais mocambos. Com apenas 20 anos, o jovem em ascensão se mostrou um grande estrategista e conseguiu expulsar os invasores, fortalecendo desse modo seu renome e prestígio na comunidade, assim como a ira daqueles que temiam o crescimento da comunidade.
Em 1678, o líder Zumba assinou um tratado para evitar mais ataques e, assim, permitir que seu povo vivesse pacificamente. Acontece que os quilombolas ficaram descontentes com a atitude, tendo em vista tudo que haviam sofrido nas mãos dos senhores de terras. Ganga, então, caiu em uma armadilha e foi envenenado em 1680 — o que acirrou ainda mais a rusga contra os brancos.
A partir disso, Zumbi passou à frente como grande chefe da comunidade e começou a guerrear ainda mais contra os povos escravagistas. Reuniu as pessoas disponíveis e montou um exército para defender seu povo das constantes tentativas de invasão.
Foram 66 incursões ao quilombo dos Palmares entre 1602 e 1694. O local foi defendido ferozmente durante 92 anos de tentativas. Por fim, o bandeirante caçador de índios Domingos Jorge Velho, auxiliado pelas tropas de Bernardo Vieira Melo, derrubou Palmares após longos combates.
Zumbi foi ferido durante a batalha, mas conseguiu fugir e permanecer vivo. As especulações sobre a morte do líder quilombola se espalharam rapidamente; porém em 1695 ele voltou a comandar ataques contra as fazendas escravistas — até ser traído por um dos generais.
Capturado e morto, seu corpo foi esquartejado. A cabeça foi enviada para Recife, junto de seu membro sexual (colocado em sua boca), e ficou em exposição no Pátio do Carmo até que a decomposição fosse completa, como aviso à população.
A data de sua morte, 20 de novembro de 1695, se tornou um símbolo da história do Brasil e Zumbi, um dos nossos personagens ilustres.
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