Ciência
05/04/2021 às 11:00•2 min de leitura
O navio encalhado no Egito, entre os dias 24 e 29 de março, provocou um gigantesco engarrafamento de embarcações, prejuízos à economia mundial, gerou memes e também voltou a colocar em evidência o Canal de Suez, uma das principais rotas marítimas do mundo.
Inaugurada em novembro de 1869, a via navegável artificial fica entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho. Depois de algumas mudanças, ela tem atualmente 193,30 km de comprimento, 24 m de profundidade e 205 m de largura.
Principal ligação por via marítima entre a Europa e a Ásia, o Canal de Suez permite aos navios economizar pelo menos 10 dias ao ligar, por extensão, o Oceano Atlântico ao Índico. Caso ele não existisse, as embarcações precisariam passar pelo Cabo da Boa Esperança, ao sul do continente africano, resultando em uma viagem muito mais demorada e cara.
(Fonte: Twitter/Airbus Space)
Um grande fluxo de mercadorias é transportado por lá, de barris de petróleo a notebooks, passando por carros, peças e ovelhas, entre outras coisas. As dezenas de embarcações que trafegam ali, diariamente, são responsáveis por aproximadamente 12% de todo o comércio global — por isso, o bloqueio do canal pelo Ever Given gerou tantas perdas.
A história do Canal de Suez tem relação direta com os interesses comerciais das nações imperialistas europeias. Construído pela França e o Reino Unido, ele foi controlado durante muito tempo pelas duas nações, até que o Egito resolveu nacionalizá-lo, em 1956.
Com o apoio de Israel, os dois países europeus declararam guerra aos egípcios, por não aceitarem a tomada do Canal, no conflito conhecido como Crise de Suez. Temendo uma guerra de proporções globais, a Organização das Nações Unidas (ONU) interveio após uma semana, exigindo a saída das tropas francesas, inglesas e israelenses.
(Fonte: Wikimedia Commons)
A via foi novamente invadida em 1967 por Israel, em resposta à derrota árabe na Guerra dos Seis Dias. Mas como se tratava de um território essencial para o país, o Egito negociou a retomada da passagem com o então inimigo, cedendo em algumas questões.
O controle do canal é feito atualmente pela Autoridade do Canal de Suez (SCA), ligada ao governo egípcio.