Ciência
12/02/2022 às 12:00•2 min de leitura
Entre as décadas de 1930 e 1940, o Partido Nazista alemão desenvolveu muitos projetos com ideologia "ariana", um discurso radical que defendia a superioridade da raça branca (ariana) sobre as demais. Um destes projetos, o Lebensborn, algo como "fonte da vida", criado por Heinrich Himmler, visava gerar novos alemães "puros".
Inicialmente, o Lebensborn cuidava de montar residências secretas para que homens e mulheres considerados "racialmente puros" pudessem copular. Posteriormente, o projeto foi imposto a outros países ocupados pela Alemanha nazista de diferentes formas: gerar filhos fruto da relação sexual entre militares alemães e mulheres selecionadas nos países ocupados, e raptar de crianças que se enquadravam nas características consideradas superiores — loiros de olhos azuis.
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(Fonte: Wikimedia Commons)
O projeto desenvolvido por Himmler, braço direito de Hitler e considerado o "arquiteto do Holocausto", tem origens no fim do ano de 1935. Comandante da SS à época, a "tropa de elite" do regime nazista, Heinrich Himmler fundou a Sociedade Lebensborn. Além de projetar o "futuro ariano" do Terceiro Reich, o projeto também tinha como objetivo contornar o declínio da taxa de natalidade na Alemanha.
Um dos mecanismos encontrados pelo programa foi incentivar que os militares tivessem mais filhos. Com o avanço da ofensiva nazista pelos territórios europeus, Himmler determinou que o Lebensborn também incentivaria o desenvolvimento de crianças nos países ocupados, especialmente os escandinavos, cujas características genéticas eram consideradas como "arianas clássicas".
Já em outras nações, como na Polônia, a SS passou a raptar crianças que atendiam aos requisitos em nome do programa. Após o rapto, essas crianças eram confinadas em campos especiais, nos quais eram cuidadas até o momento que atingissem a maturidade sexual. Em tese, a única finalidade destas crianças seria o de gerar novos frutos de "sangue puro". O Lebensborn só veio a público após o fim da Segunda Guerra Mundial.
(Fonte: Universal History Archive/UIG/Getty Images)
Enquanto crianças alemãs era consideradas naturalmente perfeitas, as demais passavam por um processo de seleção duríssimo. As crianças raptadas eram levadas até a Alemanha. Chegando lá, eram divididas em grupos. Parte delas era classificada como indesejável, especialmente quando algumas de suas características fugia do ideal supremacista alemão.
Com o descarte, algumas podiam parar em hospitais voltados ao tratamento de doenças mentais, outras para campos de trabalho forçado e algumas diretamente para a morte. Estas últimas recebiam injeções letais ou iam para câmaras de gás. Em alguns casos, eram encaminhadas para os campos de extermínio, juntamente aos adultos.
É importante ressaltar que, por vezes, até crianças selecionadas acabavam sendo agredidas ou mortas, pois nem sempre aceitavam passivamente as determinações nazistas.
(Fonte: Tim Tate/mediadrumworld/Daily Mail)
Caso emblemático do projeto, Ingrid von Oelhafen só descobriu aos 58 anos que foi sequestrada pelos nazistas. Seu nome verdadeiro era Erika Matko e, ao que tudo indica, foi tirada de sua família durante a presença alemã em uma região que hoje é a Eslovênia.
Com ajuda de um historiador, Ingrid descobriu que seu pai biológico havia sido combatente da resistência contra a ocupação nazista na Iugoslávia. Após ser capturado, ele e sua família foram levados para um campo de concentração, sendo as crianças separadas de seus pais. A virada na história foi que a mãe biológica foi solta juntamente com três crianças. Entretanto, tudo indica que Ingrid teria sido selecionada e, para evitarem questionamentos, os nazistas teriam enviado outra criança em seu lugar.
Algumas perguntas dela não têm resposta, mas um exame de DNA comprovou a ligação dela com os familiares eslovenos. Sua história foi contada no livro As crianças esquecidas de Hitler: a verdadeira história do programa Lebensborn.