4 brasileiras que lutaram pelo direito ao voto

08/03/2022 às 02:003 min de leitura

Em 2022, comemora-se uma data importante para as mulheres: há 90 anos, conquistava-se o direito ao voto feminino, obtido durante o governo de Getúlio Vargas. Esse direito foi reconhecido em 24 de fevereiro de 1932 e homologado pela Constituição de 1934.

Embora o voto feminino fosse facultativo, ele se tornou obrigatório em 1965 e foi uma vitória extremamente importante do movimento feminista, que lutava pela equiparação dos direitos de homens e mulheres. O processo para essa conquista foi obra de muito trabalho de algumas brasileiras. Neste texto, contamos a história de quatro dessas mulheres.

1. Nísia Floresta

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Um dos nomes mais conhecidos nesta luta é o de uma mulher que nasceu e morreu antes que o voto feminino fosse reconhecido no Brasil. Dionísia de Faria Rocha, ou simplesmente Nísia Floresta, foi uma educadora, escritora e poetisa nascida em Papari (Rio Grande do Norte), em 1810.

Ao longo de sua vida, escreveu mais de 14 obras — a maioria delas defendendo os direitos das mulheres. Para muitos, Nísia foi a 1ª feminista do Brasil e seu reconhecimento hoje é internacional.

Em 1838, aos 28 anos, Nísia abriu uma escola para mulheres e causou polêmica por incluir matérias como Gramática, Matemática, Música, Ciências Sociais e Naturais. Muito à frente de seu tempo, Nísia Floresta defendeu o direito à educação e à participação na vida política, deixando um legado para as gerações de mulheres que a sucederam.

2. Leolinda de Figueiredo Daltro

(Fonte: Catechese dos índios no Brasil — Notícias e documentos para a História/Livro)(Fonte: Catequese dos índios no Brasil — Notícias e documentos para a História/Livro)

Nascida em 1859, a baiana Leolinda de Figueiredo Daltro também era professora. Sua atuação no magistério estava voltada aos indígenas: ela defendia que eles tivessem direito à educação, pela intermediação de um estado laico, ou seja, sem interferência da Igreja.

Leolinda, então, atuava em três frentes: lutava pela educação, pelos direitos dos indígenas e pelo direito das mulheres ao voto. Tudo isso, obviamente, não era visto com "bons olhos": em 1909, ela foi chamada de "a mulher do diabo", pois era desquitada e circulava em ambientes masculinos.

Em 1910, Leolinda fundou o Partido Republicano Feminino (PRF), o primeiro partido de mulheres no Brasil. O partido, claro, não foi reconhecido oficialmente — até porque as mulheres não tinham direito ao voto, o que era uma das reivindicações das afiliadas.

As integrantes realizavam passeatas, solicitavam audiências e participavam de atos no Plenário para tentar pressionar a criação de leis que garantissem a igualdade de mulheres e homens.

Em 1916, Leolinda apresentou um requerimento solicitando direito ao voto das mulheres. O pedido foi negado, mas abriu espaço para que o assunto começasse a ser debatido.

3. Bertha Lutz

(Fonte: Arquivo ONU)(Fonte: Arquivo ONU)

Bertha Lutz é considerada a maior líder na luta pelo direito ao voto das mulheres. Nascida em 1894, ela foi criada na Europa, mas retornou ao Brasil em 1918, onde se engajou no movimento feminista

Junto a outras pioneiras, Bertha fundou em 1919 a Liga para a Emancipação Intelectual da Mulher — que mais tarde se tornou a Federação Brasileira para o Progresso Feminino (FBPF).

Um dos grandes objetivos do grupo era aprovar o direito ao voto. À frente do FBPF, Bertha organizou o 1º congresso feminista do país, em 1922. Uma das ideias do evento era levantar a discussão sobre o voto e ajudar a fazer pressão sobre os políticos da época.

Oito anos depois, em 1930, um golpe de Estado colocou Getúlio Vargas no poder. No ano seguinte, as sufragistas brasileiras conseguiram um encontro com o presidente e, finalmente, em 1932, o voto feminino apareceu no novo Código Eleitoral. No entanto, o voto ainda estava restrito aos cidadãos alfabetizados, então as pessoas pobres estavam excluídas desse direito.

4. Almerinda Gama

(Fonte: FGV/CPDOC)(Fonte: FGV/CPDOC)

Em 1899, nasceu Almerinda Gama, outra mulher que teve grande participação no movimento sufragista brasileiro. Datilógrafa, escritora e sindicalista, ela centralizou a sua atuação no direito das mulheres negras na política.

Almerinda nasceu em Alagoas, morou no Pará e, por fim, no Rio de Janeiro. Lá, aproximou-se do movimento feminista e da FBPF. As pesquisadoras do feminismo no Brasil contam que Almerinda tinha um papel "social" muito forte, pois ela atuava na interlocução entre a federação e a imprensa, que não costumava ver essas mulheres com "bons olhos".

Além de atuar na FBPF, ela desenvolvia uma jornada importante como sindicalista. Foi a primeira dirigente do Sindicato dos Datilógrafos e Taquígrafos do Distrito Federal e também a única mulher a votar como delegada eleitora na Assembleia Nacional Constituinte de 1933.

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