Ciência
14/05/2022 às 06:00•3 min de leitura
Além de compartilharem personagens e eventos simbólicos, a Bíblia e o Alcorão guardam similaridades relevantes para seus seguidores, relatando eventos e feitos significativos que guiaram povos por meio de suas próprias perspectivas culturais e teológicas.
E apesar de serem vistos como textos distintos e com diferenças cruciais, suas semelhanças provam que o judaísmo e o cristianismo estão mais próximos de serem interpretações diferentes do que tradições totalmente contrastantes. Confira alguns detalhes das obras que se assemelham e encontram pontos em comum!
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(Fonte: Wikimedia Commons)
O Alcorão relata que Jesus deu vida aos pássaros de barro apenas ao respirar sobre eles, capaz de falar como profeta ainda durante sua infância precoce.
No entanto, os ensinamentos éticos de Jesus, suas parábolas e as narrativas de sua vida como rabino itinerante e curandeiro — textos recorrentes e significativos para a contextualização bíblica — não aparecem no livro sagrado do Islã.
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Na Bíblia hebraica, Deus forma Adão do barro, atinge ele com o fôlego de vida e o coloca ao lado de uma companheira, Eva, em um jardim idílico. Porém, de acordo com a narrativa da criação no Alcorão, antes mesmo de Deus fazer Adão, Ele já havia informado aos anjos um plano divino de “criar um vice-regente na terra”.
A recusa dos anjos em apoiar a criação humana, devido à crença de que os homens possuíam tendências ao comportamento violento, gerou uma ordem divina e exigiu que eles se prostrassem diante de Adão, para honrar a nova fundação de Deus, demonstrando obediência. Todos eles o fizeram, exceto Shaitan, um espírito que viu Adão e jurou desviar a humanidade do caminho de Deus, sendo posteriormente expulso do Jardim (Alcorão 7:11-12).
(Fonte: Wikimedia Commons / Reprodução)
O Alcorão e a Bíblia compartilham algumas leis duras, ordenando e restringindo a violência em defesa da criação e proteção de suas respectivas comunidades religiosas. Enquanto a Bíblia hebraica ordena uma guerra total para estabelecer grupos judaicos em Israel — apesar da sugestão de não-judeus livres para viverem em Israel sem serem molestados —, o Alcorão protege o conflito armado a fim de manter a comunidade islâmica primitiva na Arábia, sugerindo a guerra contra aqueles que quebram tratados ou perseguem os muçulmanos.
Quanto ao tratamento contra estrangeiros, a Bíblia hebraica diz que Deus deu outras religiões a outras pessoas (Deuteronômio 4:19) e assume que existem pessoas justas e piedosas entre os não-judeus — Noé, Enos, Enoque, Melquisedeque. O Alcorão apresenta declarações mais explícitas e tolerantes sobre o assunto, defendendo a ideia de "competir" para fazer o bem e evitar a "religião compulsiva".
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(Fonte: Wikimedia Commons)
A Bíblia hebraica menciona 133 mulheres pelo nome em suas aproximadamente mil páginas, com várias delas conversando diretamente com Deus e, em alguns casos, tendo relacionamentos íntimos com Jesus, ao serem classificadas como líderes e "profetisas" em templos.
Enquanto isso, o Alcorão, com cerca de 500 páginas, cita apenas uma mulher — Maria, a mãe de Jesus — e revela um papel menor da participação feminina.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Os detalhes entre a história de Caim e Abel na Bíblia e Alcorão são quase idênticos, mas o texto islâmico oferece uma lição completamente contrastante, afirmando que "se alguém matar uma pessoa seria como se ele matasse toda a humanidade, e se alguém salvar uma vida, seria como se ele salvasse a vida de toda a humanidade.” (Alcorão 5:32).
A história trágica dos irmãos é citada também na Mishná judaica (a primeira grande redação das tradições orais da religião), afirmando que "o homem foi criado solteiro para mostrar que para aquele que mata um único indivíduo deve ser considerado que ele matou toda a raça, mas para aquele que preserva a vida de um único indivíduo conta-se que ele preservou toda a raça.”