4 provas que o sexo na Era Vitoriana era cheio de contradições

A sexualidade passou por inúmeras transformações ao longo da história. Entre os humanos, existiram sociedades mais conservadoras, enquanto outras eram bastante sexualmente abertas. E no meio dessa variação, existiu a Inglaterra Vitoriana.

O sexo na Era Vitoriana podia ser bastante contraditório em alguns momentos. Se por um lado, a impressão que ficou é de um certo puritanismo, algumas atitudes que podem ser consideradas explícitas hoje, no século XIX eram bem comuns. Conheça quatro contradições da sexualidade na Era Vitoriana.

1. Não podia tirar o casaco, mas podia tirar toda a roupa 

(Fonte: Wikimedia Commons)

É muito comum ver fotos da Inglaterra vitoriana com homens vestindo casacos, e isso tinha uma explicação. Se ainda hoje a higiene pessoal não é uma prioridade para a maioria dos europeus, um século atrás isso era menos importante ainda. Para evitar situações desconfortáveis, não tirar o casaco era uma elaborada etiqueta social para cobrir (literalmente) o fedor. A regra básica era: Nunca tirar o casaco enquanto estiver de pé, sentado, ou andando com uma dama.

Por outro lado, ir à praia sem roupa não era exatamente um problema para os ingleses. Existem relatos de pessoas que reclamavam do costume de utilizar calções de banho e sobre a “necessidade” de não utilizá-los. O mais curioso é que isso não era uma regra, mas as pessoas que iam à praia vestidas pareciam não se importar com as pessoas peladas. 

2. A prostituição era liberada, a homossexualidade não

Oscar Wilde. (Fonte: Wikimedia Commons)

A prostituição nos tempos vitorianos era tão comum que em meados do século XIX estima-se que existiam cerca de nove mil prostitutas apenas em Londres. Existiram tentativas de fechar os bordéis, o que realmente fez muitas mulheres procurarem outros empregos. Mesmo assim, os homens vitorianos ainda pagavam por prostitutas com certa frequência.

Já os homossexuais enfrentaram uma perseguição tão severa que até Oscar Wilde foi apanhado. O romancista e seu namorado foram condenados a dois anos de trabalho forçado por lascívia — e o juiz reclamou por não poder sentenciá-los a mais do que isso. As mulheres vitorianas só não foram igualmente perseguidas porque na época a possibilidade de existirem mulheres homossexuais era desconsiderada por parte das autoridades.

3. Mulheres eram estimuladas a procriar, mas não a transar

(Fonte: Wikimedia Commons)

Na era vitoriana, a maternidade era muitas vezes considerada o propósito de uma mulher. Elas eram estimuladas a fazer sexo com seus maridos para que pudessem produzir herdeiros. Mas o sexo só era considerado algo normal para os homens — um dos motivos de existirem tantas prostitutas na época. As mulheres deveriam ser guiadas por seus instintos maternos, não por seus desejos sexuais.

Para fortalecer essa ideia, um livro intitulado Dicas de Sexo para Maridos e Esposas, publicado em 1894, orientava os casais a administrar sua vida sexual. A autora do livro chegou a aconselhar que as esposas deveriam: “fazer pouco sexo e, acima de tudo, de má vontade. Caso contrário, o que poderia ser um casamento adequado pode se tornar uma orgia de luxúria sexual.”

4. Crianças não recebiam educação sexual, mas podiam consentir com o sexo aos 10 anos

(Fonte: Wikimedia Commons)

Durante a maior parte do século XIX, a idade de consentimento nos tempos vitorianos girava em torno de 10 a 12 anos. Somente em 1885 essa idade foi elevada para 16. Também não eram raras as pinturas e fotografias com crianças vestindo pouca ou nenhuma roupa.

E elas não eram nem ensinadas sobre sexualidade. Algumas crianças — sobretudo meninas —, aprendiam sobre sexo apenas observando animais de fazenda. E no pouco material que havia disponível sobre o tema, a genitália feminina era citada apenas no contexto do parto e sem informações sobre como manter a saúde do sistema reprodutivo fora da gravidez.