Artes/cultura
16/10/2022 às 06:00•3 min de leitura
A decapitação ou degola é provavelmente uma das formas mais radicais para se morrer. Ela consiste na remoção (acidental ou não) da cabeça de um ser vivo, o que pode ocorrer de diversas formas: por meio de um acidente de carro, por uma explosão, ou mesmo por meio de uma execução intencional.
A verdade é que este método já foi frequentemente usada pelo Estado para matar pessoas. Vale lembrar que Maria Antonieta, rainha consorte da França, morreu degolada em 1793, em um episódio conectado ao início da Revolução Francesa.
Mas veja: as bárbaras decapitações não foram abolidas há tanto tempo assim. A última pessoa a ser guilhotinada (ou seja, decapitada com o uso de uma guilhotina) foi Hamida Djandoubi, um imigrante tunisiano condenado e executado publicamente por ter matado a jovem Elisabeth Bousquet, de 21 anos. Isso aconteceu em 10 de setembro de 1977. Neste texto, contamos seis fatos sobre este macabro método de execução.
(Fonte: duncan1890/Getty Images)
No século XVI, foi criado o Halifax Gibbet, um aparelho inventado para cortar cabeças de uma forma mais "limpa" que machado ou espada. Ele consistia em dois pilares com um grande bloco de madeira no meio deles.
O bloco segurava uma lâmina que caía na cabeça do condenado. Por vezes, para ficar mais dramático, a lâmina era solta a partir de um cavalo que soltava uma corda presa a ela. Na época, era bem comum usar o Halifax para executar pessoas que haviam cometido roubos.
(Fonte: Wikimedia Commons)
As decapitações eram realizadas por executores a quem se chamava de carrascos. Eles tinham o poder de prolongar ou de encurtar o sofrimento dos condenados. O carrasco Jack Ketch, que viveu em Londres no século XVII, ficou conhecido por ter aceito subornos de pessoas que estavam prestes a morrer para que elas tivessem um fim rápido. Mas ele também ganhou dinheiro dos inimigos destes sujeitos, que o pagavam para que o espetáculo medonho durasse mais tempo.
(Fonte: Hulton Archive/Getty Images)
Na cultura pop, nós consolidamos a ideia de que carrascos usavam aqueles capuzes sobre suas cabeças, tapando os seus rostos e protegendo suas identidades. No entanto, a história nos mostra que, embora estes capuzes realmente existissem, era mais comum que os carrascos se gabassem de suas atividades ao invés de escondê-las
Em certos lugares, como na Escandinávia, os assassinos tinham suas orelhas mutiladas ou seus rostos marcados para que se tornassem inconfundíveis a quem os olhasse. Contudo, na França e em outros lugares, os carrascos eram frequentemente insultados e forçados a viverem separados da sociedade.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Provavelmente você já ouviu falar dos famosos museus de cera que levam o nome de Marie Tussaud. Ela foi uma artista plástica francesa que se tornou famosa por suas esculturas de cera e pelo museu homônimo que fundou em Londres.
Mas o mais curioso é que Madame Tussaud usava cabeças que caíam em cestos após a guilhotina para criar moldes e aprimorar a sua técnica. Ela chegou a ser presa por conta disso, mas acabou solta e seguiu produzindo suas conhecidas esculturas de cera.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Os cefalóforos são representações de santos católicos que teriam supostamente segurado suas próprias cabeças após terem sido decapitados. Há várias lendas cefalofóricas, como a de São Denis, que teria carregado sua própria cabeça por 10 quilômetros enquanto pregava; ou a de São Justus, que teria falado algumas orações e pedido para se reunir com sua mãe antes de morrer.
(Fonte: Royal Academy of Arts)
Em 1747, um lorde escocês chamado Simon Fraser foi decapitado em Londres por traição durante as revoltas jacobinas. A lenda conta que Fraser teria zombado de seu carrasco. Ao subir no local da execução, o púlpito desabou matando nove pessoas que estavam ali por conta do espetáculo mortal – e mesmo assim ele seguiu rindo.
Por fim, Fraser teria dito, como sua última frase, "é doce e conveniente morrer pela pátria”. Ele acabou entrando para a história como o último homem decapitado pelo Estado na Grã-Bretanha.