Ecofascismo: a falsa luta pelo meio ambiente da extrema direita

20/10/2022 às 12:002 min de leitura

O ecofascismo é um movimento que vem ganhando cada vez mais força e tem sido responsável por ataques violentos no mundo todo. Os ecofascistas são indivíduos que utilizam uma suposta preocupação ambiental para justificar ações de cunho racista.

O pesquisador Cassidy Thomas, da Universidade de Syracuse, em Nova York, aponta que os fascistas comuns são populistas ultranacionalistas que sustentam a narrativa de existir uma crise civilizacional em curso. Já os ecofascistas adicionam ao seu ultranacionalismo um pano de fundo ecológico, sustentando a teoria de que a degradação do meio ambiente leva à degradação da cultura nacional e do seu povo.

Dentre as reivindicações mais comuns de grupos ou indivíduos ecofascistas estão o fim da imigração e a eliminação da população não branca. 

O ecofascismo na política

Marine Le Pen usou pautas ambientais em sua campanha. (Fonte: Christophe ARCHAMBAULT/AFP/Reprodução)Marine Le Pen usou pautas ambientais em sua campanha. (Fonte: Christophe ARCHAMBAULT/AFP/Reprodução)

Políticos de extrema direita são conhecidos por negarem as mudanças climáticas, mas ainda assim têm se apropriado do discurso ambiental para promover políticas xenofóbicas. Dois exemplos disso são Marine Le Pen, na França, e o partido alemão ultradireitista, Alternativa para Alemanha, que mesmo cético em relação às mudanças climáticas, pediu que a legenda usasse o tema como ferramenta de recrutamento.

Ataques ecofascistas tem se multiplicado

Ativista ecofascista faz sinal extremista branco ao ser presa. (Fonte: Martin Pope/Getty Images)Ativista ecofascista faz sinal extremista branco ao ser presa. (Fonte: Martin Pope/Getty Images)

Indivíduos com ideais ecofascistas estão por trás de pelo menos três grandes massacres ocorridos nos últimos anos. Um dos mais emblemáticos foi o ocorrido em Christchurch, Nova Zelândia. Na ocasião, um fanático de extrema direita matou 51 pessoas em duas mesquitas na cidade neozelandesa.

O autor dos crimes, Brenton Tarrant, se descreveu como um “ecofascista etnonacionalista” que lutava pela “autonomia étnica” e pela “preservação da natureza e da ordem natural”. Antes de cometer os atentados, o terrorista publicou um manifesto que fazia referência a memes publicados no 4chan (fórum conhecido por abrigar extremistas de direita) e a ideias ecofascistas – como a de que há uma ligação entre mudanças climáticas e superpopulação de não europeus.

Em outro ataque, em maio de 2022, um homem branco de 18 anos matou 10 pessoas a tiros em um bairro negro da cidade de Buffalo, em Nova York. O terrorista também deixou um manifesto no qual compartilhava ideias antissemitas e vinculava a migração à degradação do meio ambiente para justificar seus crimes.

Além destes ataques violentos, outros mais sutis também possuem ideais ecofascistas em sua origem. Os principais alvos, nesse caso, são obras de arte expostas em museus. A última a sofrer um ataque foi a obra “Os Girassóis” do pintor Van Gogh. Duas ativistas ecofascistas jogaram sopa de tomate na obra em um suposto protesto contra o uso de combustíveis fósseis. No entanto, ao ser presa, uma das ativistas foi fotografada fazendo um símbolo ultranacionalista branco com as mãos.

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