Conheça o Império Japonês, um dos mais genocidas da história

31/12/2022 às 10:003 min de leitura

Quando se trata de genocídios, testes médicos que matavam as pessoas, estupros e abusos de todos os tipos, é bem provável que boa parte das pessoas se lembre de Hitler, Heinrich Himmler e Josef Mengele.

No entanto, quase que na mesma época desses homens que tanto mal causaram para a humanidade, outro povo escrevia o seu próprio lado escuro na história mundial: os japoneses. Ou, mais especificamente, o Império Japonês.

Como tudo começou

Império Japonês em 1942. (Fonte: History Place/ Reprodução)Império Japonês em 1942. (Fonte: History Place/ Reprodução)

A ascensão do Império Japonês começou no final do século XIX, quando o país passou por uma série de reformas políticas e econômicas que o levaram à modernização rápida e à industrialização. Isso incluiu a adoção de modelos ocidentais de governo e economia, bem como a construção de uma força militar poderosa. O Império Japonês foi um estado que existiu de 1868 até 1947, quando foi dissolvido após a Segunda Guerra Mundial.

Durante a Primeira Guerra Mundial, o Japão se aliou à Alemanha, Áustria-Hungria e Itália e participou da guerra como um apoio à sua expansão territorial. Após a guerra, o Japão continuou a expandir suas fronteiras, principalmente na Ásia Oriental e no Pacífico. Isso incluiu a anexação de Taiwan e a invasão da China.

Um dos regimes mais genocidas da história

Tropas japonesas enterrando chineses vivos durante o Massacre de Nanjing.(Fonte: Wikipedia/ Reprodução)Tropas japonesas enterrando chineses vivos durante o Massacre de Nanjing.(Fonte: Wikipedia/ Reprodução)

O Império Japonês também foi responsável por vários atos de violência e genocídio durante o século XX. Isso inclui a campanha de "limpeza étnica" da população coreana durante o período de colonização, bem como o massacre de Nanking durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa. 

Além disso, o Japão cometeu atrocidades durante a Segunda Guerra Mundial, incluindo o uso de prisioneiros de guerra como trabalhadores forçados e a prática de execuções sumárias e tortura.

O massacre de Nanking, também referenciado como o massacre de Nanjing ou, ainda, o estupro de Nanjing, merece seu próprio capítulo nessa história. Tudo aconteceu entre dezembro de 1937 e janeiro de 1938. Nesse período, o exército imperial japonês tomou a região de Nanjing, na China (13 de dezembro de 1937), no decorrer da Guerra Sino-Japonesa, que precedeu a Segunda Guerra Mundial.

A tomada de Nanjing resultou em assassinatos em massa e devastação de soldados capturados e cidadãos chineses. O número de mortos resultante do massacre varia e ainda é motivo de debate, mas, a maioria das estimativas aponta para algo entre 100 mil e a mais 300 mil mortos em um espaço de tempo de cerca de um mês.

Nanjing havia sido a capital dos nacionalistas chineses entre os anos de 1928 e 1937. A sua completa destruição foi ordenada pelo comandante geral do Exército Japonês da Frente da China Central, Matsui Iwane.

Nas semanas que se seguiram à tomada do lugar, os soldados japoneses cumpriram rigorosamente as ordens dadas por Matsui. Aqui, entram as incontáveis execuções em massa e as dezenas de milhares de estupros. 

Além disso, o exército do Império Japonês queimou e saqueou as cidades vizinhas. Somente em Nanjing mais de um terço dos prédios foram destruídos. Em 1940, o governo japonês decidiu transformar a cidade na capital do "governo fantoche chinês", visto que parte do país estava nas mãos do Japão, sob a liderança de Wang Ching-wei (Wang Jingwei).

Uma sobrevivente chinesa da escravidão sexual, resgatada de um dos “batalhões de conforto” do Japão da Segunda Guerra Mundial, em 1945. (Fonte: Wikimedia Commons)Uma sobrevivente chinesa da escravidão sexual, resgatada de um dos “batalhões de conforto” do Japão da Segunda Guerra Mundial, em 1945. (Fonte: Wikimedia Commons)

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o comandante Matsui, assim como o tenente general, Tani Hisao, que participou pessoalmente dos atos de estupro e assassinatos, foram considerados culpados por crimes de guerra pelo Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente, e executados.

Até os dias atuais ainda paira no ar uma raiva pelos eventos de Nanjing que continua a fazer parte das relações sino-japonesas. Muitas vezes, a natureza do massacre foi contestada para fins de propaganda nacionalista e apologistas japonesas, bem como para o revisionismo histórico.

Hoje, na cidade de Nanjing existe o Salão Memorial do Massacre de Nanjing, onde as vítimas dos estupros são homenageadas. Ele está situado próximo de onde foi achada uma vala comum, batizada de “cova dos dez mil cadáveres”. A UNESCO incluiu em seu Registro da Memória do Mundo os documentos históricos sobre esse massacre.

Mais atrocidades

O ataque japonês a Pearl Harbor, no Havaí, em 1941. (Fonte: Wikimedia Commons)O ataque japonês a Pearl Harbor, no Havaí, em 1941. (Fonte: Wikimedia Commons)

O Império Japonês cometeu diversos outros crimes e atrocidades. Apenas para pontuar alguns, temos:

  • Invasão e ocupação de muitos países na Ásia e na Oceania durante a Segunda Guerra Mundial, incluindo a China, a Coreia, a Tailândia, a Malásia, as Filipinas, a Indonésia e a Nova Guiné. Durante essas ocupações, o Império Japonês cometeu muitos crimes contra a humanidade, incluindo assassinatos em massa, tortura, escravidão, estupro e outros atos de violência e brutalidade.
  • Escravidão sexual de mulheres e meninas em campos de prisioneiros de guerra, onde eram forçadas a servir como "mulheres para o exército", ou "comfort women".
  • Experimentos médicos ilegais em prisioneiros de guerra e civis, incluindo o uso de pessoas como cobaias em experimentos de radiação e outras formas de tortura.

Esses são apenas alguns exemplos dos crimes cometidos pelo Império Japonês. É importante lembrar que esses crimes foram cometidos por uma minoria de indivíduos e não devem ser atribuídos à população japonesa em geral.

O fim

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Após a Segunda Guerra Mundial, o Império Japonês foi dissolvido e o país se tornou uma monarquia constitucional. Hoje, o Japão é um país democrático e industrializado, mas ainda enfrenta questões relacionadas às ações durante o período do Império. Muitos exigem que o Japão assuma a responsabilidade por seus atos de violência e genocídio durante o século XX e faça reparações pelo dano causado.

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