Artes/cultura
23/12/2023 às 08:00•2 min de leitura
Há centenas de quilômetros da costa da América do Sul, as ilhas rochosas vulcânicas de Galápagos escondem criaturas incomuns, de alegres pássaros de patas azuis à tartarugas gigantes. Além disso, a região também é conhecida por inspirar pensamentos inovadores.
No início de 2023, o Equador, que tem soberania sobre Galápagos, anunciou um acordo recorde. Com a ajuda do banco de investimento privado Credit-Suisse e do banco de desenvolvimento dos Estados Unidos, o país refinanciou US$ 1,6 bilhão em obrigações governamentais a uma taxa reduzida, e emitiu uma nova dívida.
Em troca, pelo menos US$ 12 milhões por ano do dinheiro economizado por este empréstimo, serão agora canalizados para esforços de conservação no remoto arquipélago. E como esse caso pode servir de exemplo para o restante do mundo?
(Fonte: Getty Images)
Conhecidas como trocas de dívida por natureza ou "débito climático", essas novas ferramentas financeiras estão ganhando espaço entre países gravemente endividados, como Barbados e Belize. Ao libertar dinheiro para restaurar ecossistemas e criar resiliência, algumas nações acreditam estar fazendo parte de um movimento de financiar a resposta mundial às mudanças climáticas.
Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), as economias em desenvolvimento precisarão de US$ 2,4 trilhões anuais de investimento em ações climáticas nos próximos anos. Contudo, as nações mais ricas têm sido lentas no cumprimento dos compromissos financeiros para ajudar as nações mais pobres a adaptarem-se a um mundo mais quente.
Embora a COP28 de 2023 tenha anunciado um novo fundo de US$ 400 milhões, países em desenvolvimento podem perder mil vezes mais a cada ano devido às mudanças climáticas, segundo novas estimativas. Esse dinheiro poderia ser usado para financiar projetos que reforcem as defesas naturais, como a restauração de manguezais para ajudar na proteção contra inundações ou a reforma da agricultura para melhorar a resiliência do sistema alimentas.
(Fonte: Getty Images)
Um dos grandes problemas no cenário atual é que muitas nações também não estão em condições de financiar as mudanças citadas anteriormente. Embora empréstimos possam ajudar, mais de 50 países em desenvolvimento já estavam gravemente endividados antes de buscarem ajuda no mercado financeiro. Atualmente, algumas nações estão pagando aos seus credores mais de 12 vezes o que gastam em medidas climáticas.
Uma maneira das nações endividadas responderem à crise financeira é aumentar as exportações de recursos primários como combustível e recursos naturais — o que seria um movimento contrário ao almejado para salvar a natureza. Em meio a essas crises combinadas de natureza, clima e custo de vida, seria possível que as trocas de dívidas para as nações mais pobres se apresentem como uma resposta para mudar o cenário atual?
Uma vantagem de tais trocas é que elas não prejudicam a classificação de crédito de uma nação, o que tornaria mais caro o empréstimo no longo prazo. Contudo, nem todos pensam que tais conversões de dívida são uma boa abordagem. O cancelamento imediato de uma dívida existente poderia acarretar uma crise econômica de proporções ainda maiores.
Em vez disso, o cenário mais provável é que nós teremos que buscar um menu mais amplo de reformas que poderão desempenhar um papel para ajudar a tornar essas dívidas mais acessíveis e, ao mesmo tempo, reforçar o financiamento climático.