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03/01/2024 às 02:00•2 min de leitura
Em 2024, o planeta Terra estará ingressando não apenas em um novo ano, como potencialmente em uma nova época geológica: o Antropoceno, em substituição ao atual Holoceno, dentro do período Quaternário. A proposta, feita pelo Grupo de Trabalho do Antropoceno (AWG), defende a nova geocronologia com base nos impactos humanos no planeta.
Por isso, as palavras gregas antropo (que significa "homem") e cene ("novo") se juntam para significar o momento de mudança planetária resultante das atividades humanas na Terra, desde a queima de combustíveis fósseis até o desmatamento descontrolado. O termo foi proposto no ano 2000 pelo cientista atmosférico holandês Paulo Crutzen, em um artigo científico sobre as ameaças à camada de ozônio.
Passados 23 anos, a comunidade científica ainda não decidiu oficialmente se o Antropoceno é diferente do Holoceno, que começou há cerca de 11,7 mil anos. A grande questão é definir se as atividades humanas tiveram um impacto relevante nos sistemas globais, como alterações climáticas, perda de biodiversidade, poluição e alterações nos estratos rochosos.
(Fonte: Getty Images)
Para embasar sua teoria do nascimento de uma era geológica potencialmente nova, o Grupo de Trabalho do Antropoceno (AWG) apresentou um estudo de caso baseado no Lago Crawford, a oeste de Toronto, no Canadá.
O lago de 2,4 hectares e 24 metros de profundidade foi escolhido por ter isótopos de plutônio resultante de testes de armas nucleares em seu fundo. Isso o credenciaria a ser escolhido como o "marco dourado", um marcador de latão simbolizando a mudança da Terra, a partir de 1950, para o Antropoceno.
A divulgação dessas informações sobre o lago canadense não foi vista com bons olhos pela União Internacional de Ciências Geológicas (IUGS), que deveria ratificá-las antes que viessem a público. Mas o afastamento do protocolo oficial foi considerado fundamental pelo pessoal do AWG, pela relevância do assunto para a humanidade.
(Fonte: Subcommission on Quaternary Stratigraphy/Divulgação)
Apresentada em outubro de 2023, a proposta do AWG foi aceita pela Subcomissão de Estratigrafia Quaternária (SQS), órgão constituinte da Comissão Internacional de Estratigrafia (ICS), que é a maior organização dentro da União Internacional de Ciências Geológicas (IUGS). Se aprovada, a proposta ainda terá que passar por mais duas rodadas de votação, uma pela ICS e outra pela IUGS.
Embora alguns cientistas defendam que o Antropoceno deveria ser considerado um evento contínuo e não mais uma era geológica dentro do Quaternário, a equipe do AWG argumenta que a grandiosidade do impacto humano no planeta a partir de meados do século XX é tão significativa, que justifica a demarcação de era geológica autônoma.
Somente depois que a proposta passar por esses testes, o que ocorrerá até agosto de 2024, poderemos dizer que somos os primeiros habitantes do planeta Terra a vivenciar duas eras geológicas.