Estilo de vida
29/01/2019 às 03:31•3 min de leitura
Mesmo que você jamais tenha pisado em uma academia e não consiga nem fazer musculação com halteres de 2 kg, é bem provável que, em algum filme que você tenha assistido, uma sequência — ou várias delas — retratava um personagem se exercitando com algum objetivo be específico. Em alguns casos, a finalidade é ficar mais forte para derrotar um inimigo, possivelmente o vilão da história; em outras, o protagonista simplesmente é um cara saudável que quer manter a forma e treina rotineiramente.
Bom, isso não importa. O que poucas pessoas perguntam — e todos nós deveríamos estar perguntando — é: será que essas cenas são realmente realistas? Ok, todos nós sabemos que a indústria cinematográfica possui liberdade poética para “viajar” um pouquinho, mas também temos a consciência de que sempre existe um doido aqui ou ali para tentar repetir os feitos de algum ícone das telonas, no intuito de ficar parecido com ele e saber lutar tão bem a ponto de derrotar um exército de 50 gângsteres sozinho.
No intuito de encontrar uma resposta para essa questão, a galera do Popular Science pediu a ajuda de dois profissionais de educação física — Joe Holder, consultor de performance da Nike, e Deanna Robinson, especialista em nutrição que trabalha com o time de futebol americano Washington Redskins — para eleger as algumas das cenas de preparo corporal mais realistas do cinema. Claro, não estamos dizendo para imitá-las, mas… Pelo menos agora você sabe que elas têm um fundo de verdade.
O clássico drama escrito e estrelado por Sylvester Stallone é considerado uma das produções mais emblemáticas quando falamos sobre filmes de esportes. No enredo, o desconhecido boxeador Rocky acaba tendo que marcar uma luta contra Apollo Creed, campeão do mundial de pesos-pesados.
Visto que o protagonista não possui a mesma experiência de Apollo, isso resulta em uma maratona desenfreada de treinos com o ex-lutador Mickey Goldmill. O treinamento inclui correr pela cidade, se exercitar segurando tijolos, espancar carcaças de animais em um frigorífico, faz flexões e fica subindo as escadas do Museu de arte da Filadélfia.
De acordo com Holder, tudo tem sim um propósito — ou melhor, vários. Os exercícios incluem condicionamento aeróbico e até uma preparação para o incômodo e o desconforto causado pelas luvas. O profissional só não concorda com o consumo de ovos crus. “Arrume outra forma de conseguir proteína”, recomenda.
Sendo o quinto capítulo da franquia em ordem cronológica, o clássico foca nos esforços de Luke Skywalker para concluir o seu treinamento como um Cavaleiro Jedi e salvar seus amigos capturados por Darth Vader. Quem treina o “jovem padawan” não é ninguém menos do que o Mestre Yoda, que o força a carregá-lo nas costas enquanto corre e se exercita. Uma tarefa que, certamente, não deve ser lá muito confortável.
Porém, de acordo com Robinson, a ideia de treinar com pesos no corpo é algo comum para ginastas de alta performance. A diferença é que, em vez de levar seu mentor nas costas, o mais comum na vida real é utilizar coletes com pesos, que, devido à melhor distribuição, “cria mais carga ao realizar exercícios de peso corporal e aumenta a demanda em seus músculos”.
Tão clássico quanto Rocky, Karatê Kid cativou o público na década de 80 ao contar a história de um jovem que resolve aprender a arte do caratê com a ajuda do Senhor Miyagi, um velho mestre de tal estilo de luta. O detalhe é que os métodos de Miyagi não são nem um pouco, digamos tradicionais, se baseando na repetição de movimentos que, em um primeiro momento, não têm nada a ver com as lutas em si. Como exemplo, podemos citar o clássico “por a cera, tirar a cera”.
Acredite ou não, mas há um fundo científico nisso. “Há pesquisas que mostram que a atenção e a visualização podem melhorar seus esportes, mas, neste caso, acho que tem mais a ver com treinar a mente”, afirma Holder, ressaltando que, na vida real, é comum que atletas trabalhem com psicológicos esportivos para treinar habilidades cognitivas e comportamentais (incluindo estabelecimento de metas, controle de atenção e gerenciamento emocional).
Indo além, Holder também percebe que “os movimentos associados às tarefas foram diretamente ligados aos movimentos e ângulos articulares necessários ao caratê”. Ou seja: mesmo que Daniel não tenha percebido na hora, colocar a cera com uma mão e tirar a cera com a outra — tudo isso com um padrão de respiração distinto — lhe ajudou a se preparar para aplicar golpes da arte marcial.
Se o primeiro filme da franquia Rocky acertou nas cenas de preparo físico, é natural que as sequências também tenham feito o mesmo. Lançado em 1986, o quarto capítulo da série nos apresenta um Rocky Balboa prestes a se aposentar — porém, quando seu ex-rival e amigo Apollo Creed é espancado até a morte por um boxeador russo recém-chegado, o herói se vê na obrigação de viajar até a Rússia, treinar mais e vingar Apollo durante um emocionante combate marcado para o Natal.
“Sua rotina parece muito eficaz para o seu esporte e nível de condicionamento físico”, elogia Robinson. Porém, o profissional também alerta que não devemos pegar tão pesado em casa sem um aconselhamento profissional. “O alto nível de treinamento na franquia Rocky / Creed se torna perigoso quando o programa de treinamento excede em muito as capacidades fisiológicas do praticante. Isso acaba aumentando a possibilidade de uma lesão”, explica.