Saúde/bem-estar
25/12/2024 às 09:00•2 min de leituraAtualizado em 25/12/2024 às 09:00
Existe um ditado que afirma que "quem casa, quer casa". Embora fale de questões de matrimônio e formação da família, a frase também pode ser interpretada de forma mais metafórica: quando a gente cresce, quer "sair do ninho" e construir a nossa própria vida.
Algumas pessoas podem se afastar fisicamente de suas famílias de origem, enquanto outras optam por morar coladinho aos pais e aos irmãos. Em certas culturas, é normal ter grandes famílias vivendo juntas, enquanto em outras é apenas a família nuclear de mãe, pai e filhos. Uma nova pesquisa está sugerindo que estar perto (ou longe) dos parentes pode afetar nosso ponto de vista de formas mais surpreendentes do que imaginamos.
Analise mentalmente as seguintes questões: você apoia a pena de morte? Você pensa que a guerra é uma forma legítima de defender a hegemonia de um país? E você teria a coragem para se alistar para lutar em uma guerra? De acordo com pesquisadores, o modo com que você se posiciona em relação a essas perguntas tem a ver com a proximidade ou distância que você tem de sua família.
Uma pesquisa analisou seis estudos que avaliavam como viver em um ambiente com muitos ou poucos parentes afetava psicologicamente os participantes nos Estados Unidos, Filipinas e Gana. “Esses efeitos surgem porque viver em áreas com muitos parentes, ou simplesmente sentir que há muitos parentes por perto, muda a importância que as pessoas dão ao apoio aos outros (e à garantia de que eles não sejam feridos)”, diz Joshua Ackerman, professor de psicologia da Universidade de Michigan.
O que os pesquisadores notaram é que pessoas que vivem em sistemas com mais parentes próximos tendem a adotar comportamentos pró-grupo mais extremos. Elas podem, por exemplo, se mostrar mais dispostas a ir a uma guerra por seu país.
A proximidade com a família também pode inspirar comportamentos mais punitivistas, como a defesa da pena de morte. De acordo com Joshua Ackerman, isso se relaciona ao fato de que as pessoas passam a ver esse tema como uma medida de prevenção para reduzir o risco de danos a membros da família, ou para punir aqueles que prejudicam a família de alguém.
Oliver Sng, professor assistente de ciências psicológicas da Universidade da Califórnia, e que também é autor da pesquisa, ressalta que viver muito perto de parentes traz benefícios e problemas. "Você naturalmente se sente mais conectado com aqueles ao seu redor, já que muitos deles são algum tipo de família. Mas isso também significa que há mais pessoas ao seu redor que você precisa proteger. É por isso que vemos pessoas vivendo perto de parentes apoiando a punição de comportamentos perigosos", explica.
Sng afirma que a pesquisa é importante, pois joga luz sobre os efeitos psicológicos de uma dimensão pouco examinada do nosso sistema social, que é a participação das relações em nossos comportamentos. Ou seja, o jeito que agimos ou como pensamos é explicado não apenas por questões sociais coletivas e culturais, mas também pelo âmbito familiar.