Artes/cultura
21/05/2023 às 09:00•2 min de leitura
Se diversas sociedades desenvolveram métodos diferentes de honrar seus mortos, para a Bósnia e Herzegovina a história não foi oposta. O país possui uma grande cultura de stecak, que nada mais são do que lápides medievais monumentais — que foram surgindo no interior de seu território como uma forma de arte distinta.
Estima-se que mais de 60 mil stecaks estejam espalhadas pela região, geralmente localizadas em locais de difícil acesso, como florestas em altitudes elevadas e em más condições. Com tamanha importância histórica, tais lápides se tornaram patrimônio inestimável da UNESCO em 2016. Conheça mais sobre essa intrigante história!
(Fonte: Wikimedia Commons)
Localizadas principalmente na parte sudeste da Bósnia e Herzegovina, as stecaks apareceram no século XII, atingindo um ápice numérico entre os séculos XIV e XV. Contudo, elas foram desaparecendo aos poucos quando a região foi ocupada pelo Império Otomano.
Na língua local, a palavra stecak (que é a forma singular de 'stecci') é uma forma contraída do verbo "stajati", que por sua vez significa "ficar de pé". Logo, uma stecak significaria literalmente "uma coisa alta e em pé". No entanto, a realidade é que as stecci são lápides verticais, enquanto outras apresentam características horizontais.
Todas elas foram talhadas em blocos maciços de calcário e desenhadas em diferentes formas — recebendo a decoração de símbolos religiosos e tradicionais. Até onde se sabe, historicamente, tais lápides eram uma tradição comum na Igreja Católica, Ortodoxa e Bósnia, o que faz com que elas não pertençam a uma religião em particular.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Como citado anteriormente, essas lápides monolíticas são uma tradição na Bósnia e Herzegovina, mas também aparecem em países vizinhos — casos de Sérvia, Montenegro e Croácia. Ao todo, estima-se que mais de 70 mil stecci estejam espalhadas por todas essas áreas. Contudo, apenas 4 mil delas, espalhadas por 28 necrópoles, estão listadas como Patrimônio Mundial da UNESCO.
Outro fato interessante é que, embora essa cultura seja compartilhada com outros três países, a maioria das stecci são patrimônio cultural bósnio. Por esse motivo, não é nada surpreendente descobrir que 22 das 28 necrópoles protegidas culturalmente estejam dentro da Bósnia e Herzegovina. A necrópole mais bem preservada, e a maior de todas elas, é a de Radimlja.
Esse local, inclusive, é lar para as stecci mais famosas e importantes de todas. Radimlja é uma das necrópoles mais bem preservadas e contém lápides decoradas que datam da década de 1480 — incluindo um total de 133 stecci. Mais da metade delas são decoradas com valiosos ornamentos de alta qualidade artística, apresentando ornamentos arquitetônicos elaborados e muito mais.
Para quem pretende viajar para a região, essas incríveis pedras oferecem aos espectadores uma rica história local e um vislumbre do poder econômico da Bósnia e Herzegovina medieval. Sendo assim, podemos provar que cada stecak pertence a uma herança cultural verdadeiramente única e inestimável desta região do nosso planeta.