Artes/cultura
21/12/2024 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 21/12/2024 às 12:00
Poucas coisas são tão incômodas que a insônia, não é mesmo? Querer dormir e não conseguir está entre as grandes causas de estresse entre as pessoas, e consegue estragar o dia seguinte e até prejudicar a nossa saúde.
E, por incrível que pareça, houve uma época em que a privação de sono estava meio na moda, e havia uma certa competição entre pessoas que queriam ficar sem dormir o máximo de tempo possível. Mas qual foi o recorde?
Por um longo tempo, o Guinness World Records registrou recordes de quem conseguia se manter acordado por mais tempo. Isso só acabou em 1997, quando a equipe editorial do livro resolveu encerrar essa categoria pelo medo de que alguém se machucasse. O último marco ficou com um dublê profissional chamado Robert McDonald, que passou nada menos que 18 dias, 21 horas e 40 minutos sem dormir em 1986.
Na época, um membro da equipe do Guinness World Records declarou: “embora não monitoremos mais o recorde devido aos perigos inerentes associados à privação de sono, podemos dizer que ninguém é conhecido por tê-lo quebrado desde McDonald”. A empresa também afirmou que Robert McDonald não sofreu consequências grave durante o tempo em que desempenhou essa "maratona". É de se questionar se isso é realmente verdade.
De acordo com a Johns Hopkins Medicine, a privação severa de sono pode provocar danos bem graves à saúde. Entre os riscos, estão a possibilidade de desenvolver câncer colorretal, diabetes e doenças cardíacas. Ficar sem dormir também pode envelhecer o cérebro em três a cinco anos e está associado a um aumento de 33% na chance de desenvolver algum tipo de demência.
Testes feitos em camundongos corroboram essas teses. Eles revelaram que a privação do sono diminuiu significativamente os estoques de uma proteína protetora no cérebro chamada pleiotrofina (PTN). À medida que os níveis de PTN caem, os neurônios no hipocampo começam a morrer, o que acarreta um comprometimento cognitivo que pode desencadear doenças neurológicas como o Alzheimer.
O recordista anterior a Robert McDonald – um homem chamado Randy Gardner, que ficou 11 dias sem dormir em 1964 — declarou que ficar sem dormir impactou muito em sua memória de curto prazo, um pouco como se fosse um Alzheimer precoce causado pela falta de sono. Pouco tempo depois de bater seu recorde, Gardner começou a ter alucinações e déficits de memória de trabalho. Felizmente, esses sintomas desapareceram quando ele voltou ao seu ritmo normal de sono.
Mais recentemente, pesquisadores levantaram a hipótese de que recordistas como McDonald e Gardner provavelmente experimentaram “microssonos” durante as suas tentativas de permanecer acordados. Ou seja, no fim eles podem ter dormido um pouquinho. Independente de como foi, fica o lembrete: não tente fazer isso em casa.