Julia Hill passou 738 dias morando em cima de uma sequoia gigante

03/06/2023 às 06:003 min de leitura

Ao meio-dia de 7 de abril de 2022, o cientista climático Peter Kalmus e alguns ativistas vestindo jalecos brancos se acorrentaram às portas do banco JP Morgan Chase, em Nova York. O protesto lutava contra os investimentos da instituição em projetos de mineração, petróleo e gás que estão contribuindo cada vez mais para o estado de emergência climática global.

O ativismo ambiental surgiu no final do século XIX com a proteção do campo na Europa, do deserto nos Estados Unidos e os impactos na saúde desencadeados pela Revolução Industrial. No entanto, o movimento só se concretizou em caráter social e ganhou um rosto durante a década de 1960, com o livro Silent Spring, de Rachel Carson, inspirando protestos contra o uso descontrolado de pesticidas nos EUA.

Provavelmente foi nessa época em que a mídia começou a rotular os ativistas como "loucos" ou "desocupados", mas defender aquilo que acredita não só forma uma pessoa como cria uma mudança que se espalha por toda a sociedade. 

Foi assim com Julia Hill, a jovem que passou 2 anos morando no topo de uma árvore.

"O chamado"

Shaun Walker/AP/Shutterstock(Fonte: Shaun Walker/AP/Shutterstock/Reprodução)

Nascida em 18 de fevereiro de 1974, em Mount Vernon, no Missouri, Julia Hill se tornou uma ativista ambiental por acidente – e talvez esse seja o traço mais extraordinário de como ela foi parar em cima de Luna, uma sequoia de 55 metros de altura e 1.500 anos.

Era 10 dezembro de 1997 e Hill viajava pela Califórnia quando encontrou um grupo de ativistas que protestavam contra a poda das sequoias por madeireiros da Pacific Lumber Company. O que motivou a jovem não foi só descobrir que restavam, naquela época, apenas 3% do antigo ecossistema de sequoias gigante, mas também sentir a espiritualidade que vinha das árvores.

Getty Images(Fonte: Getty Images)

Essa relação em tudo tinha a ver com o grave acidente de carro que Hill sofreu aos 20 anos, seguido por um longo período de recuperação em que ela percebeu que sua vida estava desequilibrada. “Eu era obcecada pela minha carreira, sucesso e coisas materiais”, disse ela. Segundo Hill, o acidente a despertou para a importância do momento e a necessidade em fazer o que pudesse para causar um impacto positivo no futuro.

Todas essas circunstâncias contribuíram para que ela se oferecesse para subir por uma semana na sequoia gigante, mas a maneira como a causa e o contato com a árvore a impactaram fez ela permanecer por 738 dias em meio aos galhos.

Um símbolo de resistência

(Fonte: YouTube/Reprodução)(Fonte: YouTube/Reprodução)

A partir daquele momento, Hill se tornou porta-voz contra a Pacific Lumber Company e destinou todos os meses que passou em meio aos galhos para chamar atenção para o contínuo desmatamento e extração do material das sequoias gigantes de maneira indiscriminada na Califórnia da década de 1990.

Mas nem toda a relação que a jovem desenvolveu com o movimento impediu que ela sofresse. Hill teve que lidar com a campanha da empresa para fazê-la desistir da causa, tocando buzinas altas para levá-la ao pico de estresse e dificultar seu sono. Além disso, Hill também enfrentou as dificuldades de morar nos galhos de uma árvore em uma barraca improvisada devido aos imprevistos naturais, como tempestades de inverno com neve e granizo. Sua alimentação era enviada por amigos e apoiadores por meio de uma corda.

Seu protesto só terminou quando a Pacific Lumber Company concordou em preservar aquela árvore em que estava e todas as outras em um raio de 61 metros. A essa altura, Julia Hill já havia se tornado uma das maiores ativistas ambientais dos EUA, de forma repentina.

Dan Miles/RAN/Getty Images(Fonte: Dan Miles/RAN/Getty Images)

Ela continuou trabalhando no ativismo ambiental, chegando a lançar o livro The Legacy of Luna: The Story of a Tree, a Woman and the Struggle to Save the Redwoods. Hill viajou o país dando palestras e defendendo a conservação da natureza, advogando em prol da responsabilidade social e ambiental que as empresas precisavam ter.

“Como nada acontece no vazio, é cientificamente impossível não ter algum impacto”, afirmou à BBC.

Sua luta e resistência foram essenciais para encorajar e educar milhares de pessoas pelo mundo sobre causas ambientais, e de que todo ato é valido e urgente.

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