Novas descobertas revelam detalhes de cultura milenar da Idade da Pedra

19/12/2024 às 12:002 min de leituraAtualizado em 19/12/2024 às 12:00

Pesquisadores fizeram uma descoberta marcante em Kosenivka, na Ucrânia, revelando detalhes de uma cultura que floresceu há mais de 5.600 anos. Os restos mortais de sete pessoas, encontrados nos escombros de uma casa, abriram uma nova janela para entender como viviam – e morriam – os integrantes da cultura Cucuteni-Trypillia, uma das sociedades mais intrigantes da pré-história.

Esses povos habitavam megassítios impressionantes para a época, com até 15 mil pessoas, mas deixaram poucos vestígios humanos para os arqueólogos. Em Kosenivka, fragmentos ósseos carbonizados levantaram questões: foi um incêndio acidental ou algo mais sombrio? Análises indicam que as pessoas podem ter morrido de forma rápida, e a causa exata ainda está em debate.

Tragédias e mistérios em Kosenivka

Uma seleção de restos mortais recuperados no sítio Kosenivka, incluindo dentes e ossos faciais. (Fonte: Katharina Fuchs/Reprodução)
Uma seleção de restos mortais recuperados no sítio Kosenivka, incluindo dentes e ossos faciais. (Fonte: Katharina Fuchs/Reprodução)

Os ossos carbonizados de quatro pessoas estavam concentrados no centro da casa, sugerindo um incêndio devastador. Para alguns pesquisadores, o fogo pode ter sido acidental, com as vítimas sucumbindo ao monóxido de carbono ou às chamas. No entanto, dois outros indivíduos apresentavam ferimentos cranianos sem sinais de cicatrização, levantando hipóteses de violência antes do incêndio.

O contexto histórico torna o mistério ainda mais intrigante. A cultura Trypillia é conhecida por suas práticas agrícolas e rituais sociais, mas pouco se sabe sobre suas cerimônias funerárias. Seriam as mortes em Kosenivka parte de um ritual ou resultado de um ataque violento? Embora as evidências ainda não sejam conclusivas, a investigação trouxe novas perspectivas sobre essas sociedades complexas.

Katharina Fuchs, autora do estudo, destacou a importância de fragmentos tão pequenos para ampliar nosso conhecimento sobre os povos neolíticos. “Esses restos são arquivos biológicos valiosos que nos ajudam a compreender as condições de vida e as tragédias que marcaram essas comunidades”, afirmou.

O que a dieta revela sobre a vida

Recriação artística de como o megassítio de Maidanets'ke, na Ucrânia, teria sido em seu auge, cerca de 3.800 a.C., ilustrando a organização e a densidade populacional da época. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
Recriação artística de como o megassítio de Maidanets'ke, na Ucrânia, teria sido em seu auge, cerca de 3.800 a.C., ilustrando a organização e a densidade populacional da época. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)

Além das mortes, os ossos revelaram muito sobre a vida cotidiana em Kosenivka. Uma análise detalhada dos níveis de carbono e nitrogênio mostrou que 90% da dieta desses povos era baseada em plantas, como grãos e vegetais. A carne, embora presente, correspondia a apenas 10% da alimentação.

Essa descoberta contradiz a grande quantidade de ossos de animais nos assentamentos, sugerindo que o gado era mais valioso para fertilizar campos e produzir leite do que para consumo direto. Essa prática, inclusive, era um símbolo de riqueza: quanto mais fertilizantes, maior a capacidade de plantio.

Embora os Trypillia fossem agricultores habilidosos, eles também enfrentavam desafios. A escassez de restos humanos anteriores dificulta a reconstituição de suas histórias, mas a descoberta em Kosenivka reforça como ossos, mesmo fragmentados, podem contar muito sobre vidas antigas. As análises científicas continuam a desvendar o equilíbrio

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