Saúde/bem-estar
19/12/2024 às 15:00•2 min de leituraAtualizado em 19/12/2024 às 15:00
Atualmente, qualquer pessoa que pergunte ao ChatGPT a data da destruição de Pompeia pelo vulcão Vesúvio obterá como resposta o dia 24 de agosto de 79 d.C. Essa data foi originalmente apresentada em uma carta escrita pelo advogado Plínio, o Jovem, que descreve sua experiência como testemunha do evento histórico.
No entanto, alegações de possíveis erros de transcrição do manuscrito original do famoso orador grego, além de novos indícios arqueológicos e estudos vulcanológicos, acabaram “empurrando” a data para 24 de outubro, 1º de novembro, e até mesmo 23 de novembro.
Agora, um novo estudo do Parque Arqueológico de Pompeia, publicado recentemente no periódico E-Journal of the Excavations of Pompeii, volta a apoiar a teoria de 24 de agosto. Segundo o artigo, embora não consigam comprovar que a erupção ocorreu realmente nessa data, os autores argumentam que não há atualmente evidências suficientes para desconsiderar essa tradicional afirmação.
A primazia da teoria de 24 de agosto começou a ruir quando grafites de carvão descobertos na parede de uma casa em Pompeia apontava a data "XVI K NOV" que, no calendário moderno, significa 17 de outubro. Ou seja, a erupção deve ter ocorrido em uma data posterior, o que deu credibilidade à ideia de que o evento possa ter ocorrido em 24 de outubro.
Mas a coisa não ficou por aí. Em um estudo arqueológico de plantas encontradas em Pompeia, foram descobertos caroços de pêssego e castanhas, frutas colhidas respectivamente no verão e no outono. Isso sugere que a erupção pode ter ocorrido após agosto, fortalecendo a tese de 24 outubro.
Há também quem aponte que Plínio, logicamente, não estava em Pompeia na hora da erupção, mas em Miseno, uma cidade próxima. Portanto, o seu relato foi baseado unicamente no que ele viu de longe e em informações posteriores, podendo ter ocorrido alguns lapsos temporais na reconstrução do evento.
Para cravar a data de 24 de agosto, os autores se basearam em diversas evidências, tanto arqueológicas como baseadas em revisões da literatura sobre o evento. Para eles, o relato de Plínio, o Jovem, ainda tem muito valor histórico.
Segundo o estudo, "A tradição literária é clara e inequívoca. De Plínio, o Jovem, a data de 24 de agosto nos foi transmitida; todas as outras são resultado de mal-entendidos, suposições e interpretações errôneas que são bastante recentes e perfeitamente rastreáveis na bibliografia pós-renascentista. A data de 24 de outubro não tem nem 100 anos", conclui.
Em outras palavras, Plínio, o Jovem, é o único testemunho direto, presencial, que temos do terrível evento vulcânico por enquanto.