Artes/cultura
24/01/2014 às 04:03•2 min de leitura
Se você faz parte do grupo de pessoas que costuma ter pressentimentos e prever situações que ainda não aconteceram, talvez você fique decepcionado em saber que um estudo publicado recentemente desmente a existência de um fenômeno como o sexto sentido.
O responsável pela descoberta polêmica é o pesquisador australiano Dr. Piers Howe, da Melbourne School of Psychological Sciences, que afirma que pessoas consideradas sensitivas não são nada além de capazes de detectar mudanças ao seu redor, mesmo que elas não consigam identificar quais foram as alterações que ocorreram. E para isso, elas usam seus sentidos mais convencionais, como a visão, por exemplo.
O estudo, que foi publicado no Plos One, teve duração de um ano e nasceu do desejo de apresentar argumentos científicos para uma das alunas de Howe, que afirmou ter um sexto sentido e ser capaz de fazer previsões.
Para provar que esse tipo de percepção está relacionado exclusivamente aos nossos sentidos mais comuns, Howe realizou um experimento em que pares de fotos de uma mulher foram mostrados para 48 pessoas diferentes. A cada par, as imagens apresentavam alguma diferença, que poderia ser no corte de cabelo ou na maquiagem, por exemplo.
Como flashes, as imagens eram mostradas por apenas 1,5 segundos, com um intervalo de 1 segundo entre elas. Em seguida, cada um dos participantes precisava responder se havia ocorrido alguma mudança e escolher qual seria ela entre nove possibilidades.
Fonte da imagem: Reprodução/Plos One
Os resultados mostraram que os voluntários eram capazes de “pressentir” que mudanças haviam ocorrido, mas eles não sabiam dizer o que havia sido alterado. Enquanto esse experimento serviu para confirmar para alguns participantes que eles tinham uma percepção extrassensorial, para o cientista ficou claro de que esse tipo de fenômeno não existe.
O cientista explica que o que as pessoas estavam fazendo durante o experimento é processar informações que elas não conseguem verbalizar, mas que estão sendo coletadas geralmente de maneira inconsciente. “É quase como uma pintura abstrata – ela não mostra nada que possa ser nomeado, como o mar ou uma montanha, mas você ainda consegue captar muitas informações”, exemplifica Howe.
Em outras palavras, o estudo do pesquisador australiano não tem qualquer relação com médiuns ou pessoas sensitivas. Ele apenas nos prova que, como nosso cérebro não para de trabalhar nem por um minuto, existe uma série de informações que são captadas, mas em um nível inferior à consciência. Nesse sentido, temos a impressão de ver ou sentir coisas que não existem, mas isso acontece apenas por uma diferença no processamento das informações.
Fonte da imagem: Shutterstock
Quanto à sua aluna que afirmava ter um sexto sentido, Howe revelou ao The Guardian: “Ela disse que tinha a habilidade de dizer se algo ruim aconteceu a uma pessoa apenas olhando para ela. Contou sabia que um conhecido havia sofrido um acidente de carro mesmo sem ele ter marcas visíveis. Eu disse para ela que pode ser que ela não fosse capaz de verbalizar essas marcas, mas ela captou essa informação e não tinha a consciência de que tinha conhecimento delas”.
A percepção extrassensorial é um termo usado para abranger fenômenos que vão desde a telepatia até a clarividência. Esse tipo de habilidade vem sendo estudado desde a década de 1930, mas o Dr. Piers Howe afirma que seu estudo é o primeiro a demonstrar que as pessoas podem assimilar informações que elas não são capazes de verbalizar.
Como o assunto é polêmico e divide opiniões, o pesquisador sabe que muitos não vão acreditar nos argumentos que ele utiliza para provar que o sexto sentido não existe. “É difícil parar de acreditar em algo que é evidente para você. Acho que os cientistas vão acreditar em mim porque eles creem em análises racionais, mas não tenho certeza sobre o público em geral. Eu acho que nem mesmo minha mãe vai acreditar”, finaliza ele.