Ciência
11/09/2017 às 05:27•2 min de leitura
Você já ouviu falar sobre o Manuscrito Voynich? Nós do Mega Curioso já falamos a respeito dele por aqui e, caso você não saiba o que ele é, se trata de um dos livros mais misteriosos que existem no mundo — um que cientistas, linguistas e especialistas em criptografia passaram um século tentando decifrar.
(BBC/Beinecke Library)
A datação por radiocarbono revelou que o manuscrito teria sido produzido durante o século 15 e o volume conta 240 páginas repletas de figuras de plantas exóticas, pessoas e diagramas astronômicos, assim como textos redigidos em um idioma ou código que ninguém jamais conseguiu traduzir. O códice recebeu o nome “Voynich” graças ao livreiro norte-americano de origem polonesa Wilfrid Voynich, que adquiriu o intrigante livro na Itália em 1912.
Como todo bom mistério que se preze, é óbvio que o Manuscrito Voynich deu origem a uma variedade de teorias sobre sua criação. Entre elas estava a de o volume poderia ter sido criado por algum alquimista obscuro, a de que ele poderia ser uma farmacopeia medieval ou, ainda, que ele poderia tratar de magia negra.
(BBC/Beinecke Library)
Contudo, de acordo com Grace Lisa Scott, do site Inverse, um especialista britânico em textos medievais chamado Nicholas Gibbs acredita ter decifrado o misterioso volume. Ele passou três anos analisando o manuscrito e descobriu que ele não foi redigido em um idioma ou código desconhecido coisa nenhuma, mas sim em uma forma simplificada do latim.
(BBC/Beinecke Library)
Segundo Gibbs, o problema com os especialistas e criptógrafos que analisaram os textos e ilustrações anteriormente é que nenhum deles era historiador ou tinha profundo conhecimento em manuscritos medievais. E o que a coleção de imagens de mulheres nuas, plantas estranhas, textos e símbolos astronômicos e zodiacais querem dizer? Bem, o conteúdo do Voynich não tem nada de sobrenatural — e trata de condições ginecológicas.
Pois é, caro leitor... o manuscrito que durante o último século foi analisado por especialistas em criptografia da Primeira e Segunda Guerra Mundial, linguistas e até por computadores modernos, fala sobre problemas femininos. Gibbs chegou a essa conclusão depois de encontrar uma relação entre os símbolos presentes no códice e outros volumes medievais sobre medicina, incluindo o Trotula — uma coleção de livros do século 12 dedicados à saúde da mulher.
(BBC/Beinecke Library)
Mais especificamente, Gibbs revelou ter encontrado em todos os textos ilustrações idênticas de um mineral com propriedades magnéticas chamado magnetita — que, por alguma razão, era usado como remédio para tratar uma variedade de condições ginecológicas. Segundo Gibbs, o manuscrito também conta com diversas imagens de mulheres se banhando, o que, de acordo com o especialista, era uma estratégia usada na época em que o volume foi redigido para melhorar a saúde.
(Ars Technica)
Além dessas pistas todas, outro indicativo de que o Voynich é um livro sobre medicina é a forma como ele foi organizado. Semelhante a outros volumes medievais, em vez de os nomes das plantas e males tratados no livro aparecerem com sua descrição em cada capítulo, eles deveriam estar listados no índice, juntamente com a informação de em qual página poderiam ser encontrados — mas o índice está faltando no manuscrito.
Conforme explicou Gibbs, se o índice estivesse presente no manuscrito, o mistério sobre o seu conteúdo teria sido desvendado há muito — muito — tempo. E aí, caro leitor, o que você achou da descoberta? Ficou decepcionado com a decodificação do Voynich?