Artes/cultura
20/02/2018 às 11:00•3 min de leitura
Você pode até não ser muito fã de Thomas Edison — essa polêmica figura é detestada por muitos, especialmente devido à sua rivalidade histórica com Nikola Tesla —, mas, a gente gostando ou não, o fato é que o norte-americano foi creditado com a invenção de inúmeras coisas, como o fonógrafo, o gramofone e a primeira versão comercializável da lâmpada incandescente.
Thomas Edison trabalhando em seu laboratório (Library of Congress)
E sabe o que ele tentou inventar, mas acabou não dando certo? Um telefone. Mas não um aparelho comum, desses usados para conversar com pessoas do outro lado da linha. De acordo com Ashley Hamer, do site Curiosity, Thomas Edison queria construir uma engenhoca para se comunicar com aqueles do outro lado da vida. Em outras palavras, o inventor queria desenvolver um dispositivo que permitisse estabelecer o contato com os mortos.
Segundo Ashley, esse papo de telefone para o além surgiu em 1920, quando Edison conversou com o pessoal da American Magazine — uma revista periódica dos EUA que saiu de circulação em meados de 1956. Na ocasião, o inventor comentou que estava trabalhando no desenvolvimento de um aparelho que nos permitisse bater papo com personalidades que já tinham partido desta para uma melhor, e o funcionamento da máquina não tinha nada a ver com invocações bizarras ou rituais sinistros.
Médium supostamente tentando se comunicar com os mortos (Atlas Obscura/Domínio Público)
Na verdade, Edison acreditava que quando uma pessoa morria, ela deixa para trás o que ele chamava de “unidades de vida” — e, segundo o conceito dela, esses pedacinhos de memórias e pensamentos eram espalhados pelo Universo e poderiam ser detectadas por meio de dispositivos especiais (como o que o inventor queria construir, evidentemente).
É óbvio que a notícia sobre a engenhoca se espalhou rapidamente, gerando um enorme interesse do público. No entanto, de acordo com Natalie Zarreli, do site Atlas Obscura, como a tal máquina jamais foi apresentada — nem sequer um prototipozinho ou projeto fajuto —, logo começaram a surgir que a história toda não passava de papo furado e que o telefone com linha direta para o além não passava de uma farsa ou até uma brincadeira de Thomas Edison.
A tal geringonça acabou caindo no esquecimento e nunca mais se ouviu falar nela. Então, em 2015, um jornalista francês chamado Philippe Baudoin — que estava de boas em um brechó — se deparou com uma raridade... Baudoin encontrou um antigo diário de Edison entre os itens da loja e, nele, descobriu um capítulo inteiro onde o inventor detalhava como pretendia se comunicar com os mortos.
Um dos artigos que circularam na época em que Edison anunciou sua ideia de desenvolver o tal telefone (Atlas Obscura/Domínio Público)
O jornalista transformou seu achado em livro — “Le royaume de l'au-delà” ou “O Reino do Além” em tradução livre — e, por fim, provou que Edison levava bem a sério a ideia de construir o tal telefone. Mas, estaria o inventor louco? Seria ele supersticioso? Será que ele realmente acreditava que poderia construir uma máquina que permitisse o contato com os espíritos? Para responder a essas questões, é necessário entender o contexto da época...
Segundo Martha Barksdale, do site How Stuff Works, a ideia do “necrofone” foi apresentada depois do fim da Primeira Guerra Mundial, época em que a ideia de contatar os mortos voltou a entrar em voga — e, considerando a dimensão de perdas humanas sofridas durante o conflito, era normal que as pessoas buscassem formas de se comunicar com as almas de que se pereceram.
Alô? (How Stuff Works/H. Armstrong Roberts/Corbis)
Além disso, foi por volta dessa época que começaram a surgir novidades como a lâmpada e o gramofone, o que significa que, pela primeira vez, as pessoas começaram a ver coisas “invisíveis” como a eletricidade e o som se transformarem em algo perceptível por meio de cabos e fios. Portanto, apesar de Edison ser assumidamente agnóstico, não podemos taxá-lo de maluco por ele pensar que a energia deixada por pessoas que partiram poderia, de alguma forma, ser manipulada e convertida em algo palpável, você não acha?