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04/07/2019 às 02:30•2 min de leitura
Grandes avanços da indústria aeroespacial surgiram pela disputa que existiu entre URSS e EUA, durante a Guerra Fria. Por mais que esse embate silencioso tenha significado quase o fim do mundo, muitas tecnologias desenvolvidas na época tornaram nossa vida mais fácil atualmente.
Desenvolvido apenas como forma de precaução, contra uma ameaça imaginada, o Buran realizou seu voo de teste de forma exemplar, mas essa foi a única vez que ganhou os ares em toda sua existência.
Logo após o término do programa Apollo, que em uma de suas missões colocou um homem na Lua, o presidente dos EUA na época, Richard Nixon, anunciou que a NASA iniciaria o desenvolvimento de uma espaçonave revolucionária. Isso aconteceu no início de 1972, tornando possível o transporte de astronautas entre a Terra e uma estação espacial, que no momento do anúncio ainda não existia, a um custo relativamente baixo.
A divulgação de que o programa Space Shuttle, também conhecido como ônibus espacial, estava se iniciando não chamou a atenção de Moscou, pois os soviéticos não conseguiram vislumbrar um uso para o veículo.
Na antiga URSS, os programas espaciais não estavam centralizados em um único setor — diferente do que acontecia nos EUA, onde a NASA cumpria essa função. Essa dispersão na organização fez que, somente 1 ano após o anúncio, os líderes começassem a questionar se não estariam sendo ultrapassados pelos EUA no desenvolvimento aeroespacial.
Essa eterna disputa começou a gerar incômodos, visto que até então não existia motivo para a construção de um veículo semelhante ao dos americanos. Os cientistas soviéticos acreditavam que grande parte das notícias era pura propaganda, pois não consideravam o programa economicamente viável e achavam a espaçonave inexplicavelmente grande.
O Space Shuttle foi projetado para ser lançado 50 vezes por ano, levando até 30 toneladas de equipamentos e conseguindo retornar para a Terra com 15 toneladas em seu compartimento de cargas, que possuía dois braços mecânicos para movimentação de objetos. Essas características, após um tempo, levantaram suspeitas de que os americanos planejavam colocar algo grande em órbita.
Mesmo sem saber por que, em 1976, os soviéticos iniciaram a construção de uma espaçonave idêntica à americana, chamada de Buran. O objetivo do desenvolvimento de algo sem um motivo específico era se manter relevante no cenário internacional, de modo que, quando os planos para o uso do Space Shuttle fossem revelados, eles já possuiriam um veículo semelhante.
O primeiro ônibus espacial americano foi lançado em 1981, mas foi somente em 1987 que o setor de relações internacionais do Ministério Soviético Geral de Construções de Máquinas anunciou o desenvolvimento da espaçonave russa. Um dos pequenos diferenciais da versão soviética é que ela possuía um avançado sistema de navegação, que possibilitava o monitoramento remoto de todos os sistemas, tornando a presença de um cosmonauta dispensável.
O primeiro voo de testes, em 1988, foi abortado por problemas mecânicos, mas o segundo foi realizado meses depois e teve seu pouso controlado totalmente por computador, mostrando que a espaçonave dispunha de plenas condições de ser colocada em operação. Apesar do sucesso, após os testes os recursos financeiros do programa foram reduzidos drasticamente, até o colapso da URSS, em 1991.
Com a reorganização política, os programas espaciais foram centralizados em uma única instituição, agora sob comando russo. Nunca houve um cancelamento oficial do programa, mas após o primeiro voo, o Buran nunca mais decolou. O que restou foi destruído involuntariamente em 2002, quando o hangar que abrigava as espaçonaves desabou.
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