Estilo de vida
04/03/2021 às 12:00•3 min de leitura
ATENÇÃO: este texto pode ter conteúdos sensíveis por abordar um caso real.
Seis meses após conquistar o título de campeão brasileiro de futebol pelo Flamengo em 2009, Bruno Fernandes de Souza — o "goleiro Bruno" — foi do céu ao inferno. Com o desaparecimento da ex-modelo Eliza Samudio, que cobrava judicialmente do atleta o reconhecimento de paternidade, o então goleiro e capitão da equipe carioca foi definido como um dos principais suspeitos de ordenar o assassinato da moça.
Em agosto de 2009, Eliza havia procurado jornalistas para informar que estava grávida de 3 meses do jogador. No mesmo período, Bruno fora denunciado por sequestro, agressão e ameaças à modelo. Segundo relatos de um dos acusados pelo crime, a jovem teria sido estrangulada e esquartejada; seus restos mortais, concretados em Minas Gerais.
(Fonte: Marcelo Theobald/Agência O Globo)
Em outubro de 2009, Eliza registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Atendimento à Mulher de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro (RJ). Segundo ela, Bruno e dois amigos, Luiz Henrique Ferreira Romão "Macarrão" e o ex-PM Marco Antônio Figueiredo "Russo" teriam ameaçado matá-la caso não fizesse um aborto.
No relato, o jogador do Flamengo a teria estapeado e obrigado a ingerir substâncias abortivas sob a mira de um revólver. O laudo do Instituto Médico Legal apontou "vestígios de agressão", mas o processo não foi para frente após Eliza não comparecer às audições por medo de represálias.
(Fonte: Wikimedia Commons)
De acordo com a denúncia apresentada pelo Ministério Público de Minas Gerais, Eliza foi assassinada em 10 de junho de 2010, 6 dias após seu desaparecimento, em um sítio localizado em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O espaço teria sido alugado para mantê-la refém.
Após o depoimento de uma amiga de Eliza, 3 semanas após seu sumiço, policiais foram até o imóvel de Bruno na cidade de Esmeraldas, próximo a Belo Horizonte, mas não encontraram qualquer sinal da modelo ou de seu filho. A mulher do goleiro, Dayanne Rodrigues, chegou a negar a presença do bebê no sítio, fato que foi desmentido pelo funcionário Wemerson Marques "Coxinha".
Em depoimento, Coxinha confessou ter recebido a criança das mãos de Dayanne e repassado para um terceiro — o filho de Bruno foi entregue para uma mulher em Ribeirão das Neves, onde foi encontrado em 26 de junho de 2010. Após a descoberta de uma localização em Vespasiano, as autoridades realizaram uma nova varredura e encontraram fraldas, roupas femininas e uma passagem com nome ilegível dentro do imóvel. No carro do atleta havia manchas de sangue de Eliza no assoalho e no porta-malas, conforme comprovado pelo relatório da perícia.
(Fonte: Jair Amaral/EM/D.A PRESS)
Jorge Rosa, primo de Bruno que na época tinha 17 anos, afirmou em depoimento ter sido convidado por Macarrão para ajudar a levar Eliza a Belo Horizonte e depois como refém até o sítio do atleta em Esmeraldas, onde ela ficou trancada em um quarto com o filho.
A modelo foi obrigada por outro primo do jogador, Sérgio Rosa, a telefonar para uma amiga em São Paulo e dizer que estava bem, que Bruno pagaria a pensão e daria um apartamento para ela morar em BH. Em 10 de junho de 2010, Eliza foi levada até Vespasiano, no interior de Minas Gerais, onde foi recebida pelo ex-policial Marcos Aparecido dos Santos "Bola" em outro imóvel. No local, Bola a sufocou até a morte.
Segundo Sérgio, Bruno teria acompanhado todo o processo, mas decidiu voltar para Esmeraldas com Macarrão e o bebê depois que Bola disse que a esquartejaria e daria aos cães. Sérgio ainda afirmou que a intenção de Bruno era matar a criança no local, porém o jogador mudou de ideia na hora.
O corpo de Eliza Samudio jamais foi encontrado pelas autoridades de Minas Gerais.
(Fonte: Veja/Reprodução)
Condenado em novembro de 2012 a 15 anos de cadeia por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, asfixia e impedimento de defesa da vítima) e mais 3 anos em regime aberto por sequestro e cárcere privado, em 2018 Macarrão obteve liberdade condicional após assinar um acordo com a Justiça em Pará de Minas, onde estava encarcerado.
Bola recebeu pena de 19 anos de prisão em regime fechado pelo homicídio de Eliza e mais 3 anos por ocultação de cadáver. Atualmente, ele cumpre prisão domiciliar em decorrência da pandemia de coronavírus.
Em 8 de março de 2013, Bruno foi condenado a 17 anos e 6 meses em regime fechado por homicídio triplamente qualificado, 3 anos e 3 meses em regime aberto por sequestro e cárcere privado e 1 ano e 6 meses por ocultação de cadáver, totalizando 22 anos e 3 meses. Em 2019, chegou a progredir para o regime semiaberto. Em 2020, foi contratado pelo Rio Branco, do Acre, e atuou como goleiro titular na Série D do Campeonato Brasileiro.