Ciência
08/03/2021 às 12:00•3 min de leitura
ATENÇÃO: este texto pode ter conteúdos sensíveis por abordar um caso real
Na rua Santa Leocádia, em São Paulo, foram vividos momentos chocantes na noite de 29 de março de 2008. No chão do Edifício London, nº138, o corpo da menina de apenas 5 anos Isabella Nardoni permanecia no chão após ter sido arremessado do 6º andar do apartamento localizado no distrito de Vila Guilherme.
A menina, sempre sorridente, dividia seu tempo entre duas casas: a da mãe, Ana Carolina Cunha, e a do pai, Alexandre Nardoni — onde viveu seus últimos momentos. Na época, o caso gerou grande repercussão por todo Brasil e ganhou diversos desdobramentos ao longo das semanas posteriores ao incidente.
(Fonte: Facebook/Reprodução)
Naquele dia, a polícia de São Paulo foi acionada para atender uma ocorrência na residência dos Nardoni. Durante a chamada, foi avisado que um roubo teria acontecido na cena do crime e que Isabella teria sido jogada de um dos andares do prédio. O corpo, encontrado pelo porteiro, permanecia estirado no gramado da residência.
Quando as autoridades chegaram ao local, Alexandre estava ao lado do corpo de sua filha junto de alguns vizinhos e funcionários do condomínio. Assim que a ambulância chegou ao Edifício London, Isabella apresentava alguns sinais vitais, mas morreu a caminho do hospital infantil após 30 minutos de tentativas de reanimação.
Ao retornar à cena do crime, os investigadores indagaram Alexandre e a madrasta da garota, Anna Carolina Jatobá, sobre o ocorrido. Apesar do casal ter alegado que um assaltante teria invadido o apartamento no sexto andar e arremessado Isabella, em nenhum momento um dos dois ligaram para a polícia.
Então, ambos foram colocados como suspeitos e levados à delegacia para serem interrogados. A partir desse momento, o crime ganhou uma série de reviravoltas e entrou para a história como uma das ocorrências mais chocantes acontecidas no Brasil.
(Fonte: Arquivo/Reprodução)
Em seus primeiros testemunhos, Alexandre e Anna Carolina relataram ter encontrado a porta do apartamento aberta e a tela de proteção do quarto das crianças cortada. Após a polícia questionar se alguém teria motivo para roubar a família e matar Isabella, o casal ofereceu uma lista de 23 nomes entre funcionários e conhecidos, mas todos foram descartados como suspeitos após serem interrogados.
Em seguida, a polícia passou a trabalhar com a hipótese de que Isabella teria cortado a rede por conta própria, mas logo o enredo foi descartado pelos fios da proteção serem muito resistentes para serem rompidos por uma menina de cinco anos. Foi então que as incoerências no testemunho do casal começaram a aparecer.
Os registros telefônicos e relatos de vizinhos desmentiam todos os álibis do pai de Isabella Nardoni e da madrasta. Então, descobriu-se que os dois viviam tendo brigas sempre na presença dos filhos, a casa não tinha sinais de arrombamento e pingos de sangue da menina foram achados logo na entrada do apartamento.
Por fim, as autoridades chegaram à conclusão de que Alexandre e Anna Carolina foram os verdadeiros culpados por causar diversas lesões no corpo da menina e, posteriormente, arremessá-la do sexto andar. Isabella Nardoni morreu aos cinco anos de idade.
(Fonte: Facebook/Reprodução)
Conforme o relatório apresentado pela polícia, Isabella foi asfixiada antes mesmo de cair do prédio e tinha um corte na testa que explicaria as manchas de sangue na residência. Segundo as autoridades, a ferida foi feita por Anna Carolina ainda no carro depois de uma discussão.
No apartamento, Alexandre, acompanhado da atual esposa e dos dois filhos ainda dormindo, atirou Isabella no chão. Durante a queda, a menina tentou se proteger e fraturou o braço. Enquanto Anna Carolina Jatobá asfixiava a pequena na sala da casa, o pai foi até a janela do quarto e cortou a proteção com o auxílio de uma tesoura.
Depois disso, com Isabella já desacordada, ele ergueu a própria filha e atirou seu corpo pela janela, liberando uma mão de cada vez.
(Fonte: Arquivo/Reprodução)
No início de 2009, quase 1 ano após o acontecimento, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá foram condenados por homicídio triplamente qualificado e fraude processual. Enquanto Alexandre foi sentenciado a cumprir 31 anos de cárcere, Anna Carolina recebeu a pena de 26 anos, mesmo que nenhum dos dois jamais tenha confessado o crime.
Após 12 anos dos acontecimentos no Edifício London, Alexandre segue preso em regime fechado em uma penitenciária de São Paulo. A madrasta, por outro lado, tem a liberdade para sair em datas comemorativas e cumpre sua sentença na penitenciária de Tremembé — mesma prisão onde Suzane von Richthofen está.
Depois de passar por um incrível processo de luto e presenciar seu ex-marido, Alexandre, ser julgado pelo assassinato de sua filha, a mãe de Isabella Nardoni teve notícias boas nos últimos anos. Em 2017, Ana Carolina Oliveira deu à luz ao pequeno Miguel, irmão mais novo da menina falecida em 2008.