Estilo de vida
12/03/2021 às 12:00•3 min de leitura
ATENÇÃO: este texto pode ter conteúdos sensíveis por abordar um caso real.
Uma série de estupros e assassinatos passou a aterrorizar os moradores da Zona Sul de São Paulo durante 1998. Apelidado de "maníaco do parque", o motoboy Francisco de Assis Pereira foi responsável pela morte de pelo menos 10 mulheres no Parque do Estado, uma área verde de 550 hectares que ele conhecia muito bem.
Para a realização dos crimes, Francisco costumava abordar jovens de classe baixa se passando por um agente de modelos. Com promessas de dinheiro e fama, ele as convidava para realizar um "ensaio fotográfico" na natureza. Já no meio da mata, as vítimas eram estupradas e então estranguladas.
(Fonte: O Globo/Reprodução)
Francisco de Assis Pereira viveu uma infância tortuosa até virar o maníaco do parque. Molestado por sua tia materna quando criança, ele passou a desenvolver uma fixação por seios. Além disso, por ter seu órgão sexual mordido durante sua juventude, o rapaz sempre teve problemas para ter relações com outra pessoa.
No laudo oficial feito após a sua prisão, o psiquiatra Paulo Argarate Vasques ainda destacou que Francisco cresceu traumatizado após ter sido criado próximo a um matadouro de bois. "Uma das coisas que Francisco via na infância era um matadouro, e ele ficava lá sentado. Para uma pessoa nova, é um trauma terrível ver bois sendo mortos", segundo o relatório.
Aos 30 anos, ele passou a trabalhar como motoboy próximo à estação Jabaquara do metrô de São Paulo. Utilizando a sua moto, Francisco estacionava ao lado das estações e abordava suas vítimas em potencial, identificando-se como um caça-talentos. As mulheres eram convencidas por sua personalidade extrovertida e capacidade de persuasão.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Após algumas denúncias de que um homem estaria aterrorizando pessoas no Parque do Estado, a polícia de São Paulo cruzou com três mulheres que haviam registrado tentativas de estupro na região. Os depoimentos serviram para traçar um retrato falado do suspeito, que posteriormente foi entregue por uma denúncia via telefone.
Após o telefonema anônimo, as autoridades foram levadas até uma empresa de transporte no Brás, bairro paulistano. Ao chegarem no local, no dia 15 de julho de 1998, os policiais descobriram que o maníaco do parque trabalhava lá como motoboy e havia desaparecido três dias antes.
No local, foi descoberto fragmentos da carteira de identidade de uma das vítimas, um jornal estampando o retrato falado do criminoso e um bilhete com os seguintes dizeres: "Infelizmente tem de ser assim, preciso ir embora. Deus abençoe a todos". Ele foi encontrado em Itaqui, no Rio Grande do Sul, após passar 23 dias foragido.
(Fonte: Record/Reprodução)
Oficialmente, 16 pessoas foram confirmadas como vítimas do maníaco do parque: sendo 9 casos de estupro e 7 de assassinatos. Em suas declarações, o serial killer mudou várias vezes o número de pessoas que teria matado. Na última vez que se pronunciou, em 2001, disse ter assassinado 15 mulheres.
Entre janeiro e agosto de 1998, os corpos das vítimas do maníaco do parque foram sendo encontrados aos poucos espalhados pelo Parque do Estado. Todos estavam de joelhos — o que seria uma representação dos bois que Francisco viu serem mortos quando criança — e com sinais de violência sexual.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, o assassino em série descreveu seus crimes: “Me aproximava das meninas como um leão se aproxima da presa. Eu era um canibal. Jogava tudo o que eu podia para conquistá-las e levá-las para o parque, onde eu acabava matando e quase comendo a carne. Eu tinha uma necessidade louca de mulher, de comê-la, de fazê-la sentir dor. Eu pensava em mulher 24 horas por dia".
(Fonte: O Globo/Reprodução)
Mesmo tendo sido condenado a cumprir 280 anos de prisão pelos crimes de homicídio, estupro, atentado violento ao pudor e ocultação de cadáver, a Legislação Brasileira prevê tempo de reclusão máximo de 30 anos para um detento. Portanto, Francisco deve ser liberado da prisão em 2028 caso nada mude.
Com culpa comprovada e em reclusão, o assassino não deixou de dissuadir dezenas de mulheres espalhadas pelo país. Em 1 mês de detenção, o homem já colecionava mais de mil cartas e pedidos de casamentos, tanto que chegou a casar com uma das remetentes em 2002.
Hoje, o maníaco do parque está preso na Penitenciária de Iaras, no interior de São Paulo, onde passa as tardes sozinho pelo pátio do Pavilhão 3 bordando tapetes e toalhas para banheiros. Segundo os psiquiatras que cuidaram do caso, irreversivelmente Francisco tentará cometer novos crimes assim que for solto em razão do seu estado mental.
Desinteressado por exercícios e muito sedentário, o serial killer acabou ficando obeso durante sua estadia na cadeia. Medindo 1,70 metro, o maníaco do parque está pesando mais de 100 quilos. Atualmente, o seu maior medo é acabar sendo infectado pela covid-19.