Artes/cultura
18/04/2021 às 07:00•2 min de leitura
Em 1986, um fenômeno raro ocorrido no Lago Nyos, localizado no noroeste dos Camarões, levou cerca de 1800 pessoas de uma aldeia local à morte, tornando-se uma das tragédias africanas mais notáveis das últimas décadas. Conhecido como erupção límnica, o evento de origem vulcânica devastou humanos e animais em questão de minutos, e até hoje é um pesadelo para os habitantes da região.
Apesar do lago ser considerado uma depressão natural de água potável essencial para a sobrevivência dos moradores locais, ele é extremamente rico em dióxido e monóxido de carbono, que foram acumulados pela proximidade com o vulcão inativo Oku. O risco de liberação dos gases, mesmo sendo considerado um fenômeno incomum, pode levar à asfixia e morte nas zonas vizinhas, e o povo que estava ocupando o território em 21 de agosto de 1986 foi o primeiro a sofrer o impacto dessas substâncias.
(Fonte: Getty Images / Reprodução)
Por volta das 21 horas, um barulho vindo do lago chamou a atenção de várias pessoas próximas. De repente, um jato de água se elevou a quase 100 metros de altura, criando uma pequena tsunami que acabou arrastando o volume do lago contaminado para a aldeia e carregou uma nuvem quente de gases tóxicos que se espalharam com velocidades de 19 a 49 quilômetros por hora.
(Fonte: Getty Images / Reprodução)
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Rapidamente, boa parte da população de Nyos morreu sufocada. O oxigênio que estava presente poucos instantes antes da tragédia foi eliminado temporariamente do ar, dando lugar a substâncias mais pesadas e nocivas para a vitalidade humana e dos animais em geral. Segundo a contagem de corpos realizada por especialistas, cerca de 1800 pessoas e 3000 cabeças de gado foram encontradas sem vida, como resultado de um fenômeno que até hoje segue mal explicado.
Desde então, cientistas vêm se esforçando para eliminar os riscos na área, e atualmente o Lago Nyos conta com aparelhos dispersores de gás carbônico em sua superfície e um sistema de encanamentos. Assim, a população pôde voltar a ocupar as margens do lago após quase 30 anos do desastre, mas a preocupação com a geografia do território ainda persiste à medida que os gases vibram silenciosamente por baixo das águas.