Artes/cultura
29/06/2021 às 13:30•2 min de leitura
Pelo menos desde 1841, o estado da Califórnia, nos Estados Unidos, tem enfrentado vários períodos de seca extrema, com uma precipitação muito limitada que tende a acontecer em abundância nos meses de inverno, na parte norte do estado. A cidade de San Diego sempre foi uma das mais afetadas, devido a sua quantidade populacional e a dependência de reservatórios.
No final de 1915, com os reservatórios secos e sem chuva há semanas, o Conselho Municipal de San Diego tomou uma medida desesperada: entrou em contato com Charles Hatfied, um "fazedor de chuva".
(Fonte: Hidden San Diego/Reprodução)
Charles Mallory Hatfield nasceu em 15 de julho de 1875, no Kansas, e era apenas um vendedor de máquinas de costura antes de se tornar um "invocador de chuvas". Quando não estava trabalhando, ele estudava pluvicultura e criava métodos para a produção de chuva. Foi assim que ele se autodenominou um "acelerador de umidade ambulante".
Finalmente, em 1902, ele criou uma mistura de 23 produtos químicos em um tanque de evaporação que deveria atrair a chuva. Hatfield seguia a mesma linha de outros "fazedores de chuva", que pautavam seu trabalho em uma pseudociência que não era muito diferente do conceito de magia.
(Fonte: Live Journal/Reprodução)
No entanto, em vez de apelos em rituais, o homem acreditava que poderia fazer chover evaporando misturas de dinamite, nitroglicerina e outros componentes que ele nunca revelou.
A maior jogada de marketing que alavancou sua carreira, porém, foi que Hatfield não cobrava nada até que o cliente visse o resultado acontecer. Em 1904, ele começou abordando pequenos agricultores e cobrando apenas US$ 50 por seus serviços. Um ano depois, com uma série de resultados, ele aumentou o preço para mil dólares por polegada de chuva.
(Fonte: Paranormal News/Reprodução)
Com o sucesso do homem, as autoridades viram ele como a última esperança do estado, apesar de membros do conselho achar idiotice a ideia. Hatfield foi contratado por US$ 10 mil, prometendo encher o Reservatório de Morena.
Começando imediatamente, o homem e seu irmão construíram uma torre de onde ele poderia conduzir seu trabalho de maneira secreta e sem ser incomodado. No começo de janeiro de 1916, para a surpresa dos céticos, começou a chover em San Diego.
Em duas semanas, Hatfield prometeu que choveria mais ainda – e realmente aconteceu. No entanto, a cidade começou a ser alagada quando a chuva passou a cair sem trégua, e a alegria dos habitantes se transformou em preocupação.
(Fonte: InfoAgro/Reprodução)
Em 27 de janeiro, as enchentes incontroláveis alagaram as ruas, destruindo casas e comércios, transformando a cidade em um grande reservatório – visto que o de Morena havia transbordado. Quando o dilúvio cessou, cerca de 20 pessoas haviam morrido na catástrofe.
Temendo ser linchado, Charles Hatfield fugiu da cidade sem receber pelo seu trabalho. Depois ele voltou para tentar coletar seu dinheiro, prometendo processar o Conselho Municipal. Porém, um vereador disse que ele seria pago apenas se assumisse a responsabilidade por todos os danos públicos e mortes.
Hatfield optou por não receber nada e voltar para o Kansas, onde retomou seu trabalho de vendedor de máquinas de costura quando a Grande Depressão alagou seu negócio de fazer chuva.
Ele morreu em 12 de janeiro de 1958, se gabando de ter feito chover pelo menos 500 vezes. Contudo, foi descoberto que ele costumava atender locais onde a chuva já estava prevista, o que poderia fazer dele mais um fã da previsão do tempo do que um "fazedor de chuva".