Ciência
10/08/2021 às 13:00•2 min de leitura
Nascida em São Luís do Maranhão em 1787, filha de Vicente Gomes de Lemos Albuquerque e Rosa Maria Jansen Müller, a relevância de Ana Jansen para a história do nordeste durante o século XIX foi tão grande que ela se tornou uma lenda urbana — muitas pessoas ainda acreditam que a mulher nem sequer tenha existido.
Conhecida como Donana, descendente da nobreza europeia, ela foi rechaçada pela família quando engravidou ainda adolescente de um homem desconhecido. Foi considerada uma mulher “desonrada” por perder a virgindade e ser uma mãe solteira, acabando expulsa de casa com seu recém-nascido nos braços.
Ela passou por um período de dificuldades antes de se tornar amante do rico coronel Isidoro Rodrigues Pereira, pertencente à família mais rica da época, com quem teve alguns filhos. Com a morte da esposa do homem, Donana casou-se com Isidoro, mas continuou sendo vista como uma pária pela sociedade, apesar da vida de luxo.
(Fonte: Infoescola/Reprodução)
Sua reputação só melhorou com a morte de seu marido, após 15 anos de casados, quando ela se transformou na viúva mais rica do nordeste e uma poderosa senhora de terras, detentora de escravizados e líder política; passando a ser chamada de “Rainha do Maranhão”.
A partir disso, Donana tomou as rédeas de sua vida e causou uma revolução no estado, conduzindo a maior produção de algodão e cana-de-açúcar do Império, além de possuir o maior número de escravizados da região.
Além de seu poder, que causava inveja e repúdio em muitos, a mulher ficou conhecida pelo comportamento maléfico com que tratava seus funcionários e escravizados, açoitando e mutilando-os com crueldade.
(Fonte: Imirante/Reprodução)
No entanto, segundo o historiador Rodrigo do Norte, a maioria dos relatos sobre a maldade da mulher foram exagerados, principalmente devido ao ódio que ela inspirava na maior parcela da sociedade.
Essas histórias, porém, se enraizaram no imaginário popular e ganharam projeção quando a mulher faleceu, em 11 de abril de 1869, aos 82 anos, de causas naturais. A lenda que ficou mais famosa pela população maranhense é a da “Carruagem de Ana Jansen”.
Segundo o mito, por suas ações em vida, a mulher teria sido condenada a passar a eternidade vagando pelas ruas de São Luís em uma carruagem assombrada. Durante as noites de sexta-feira, o veículo conduzido por um escravizado ensanguentado sem cabeça e puxado por cavalos decapitados, perambularia pelas ruas de São Luís sob o coro de lamentos de seus escravizados torturados.