Ciência
06/12/2022 às 13:00•2 min de leitura
O livro Clavis Inferni, ou A Chave do Inferno, escrito por Cipriano e datado do final do século XVIII, mostra como livros de encantos não são coisas apenas de filmes e séries como Harry Potter ou O Mundo Sombrio de Sabrina. A obra foi escrita em latim, hebraico e em um alfabeto cifrado criado pelo ocultista Cornelius Agrippa. Além disso, conta com ilustrações de criaturas fantásticas e anjos.
Uma das páginas do Clavis Inferni. (Fonte: Wellcome Collection)
Não é possível saber com certeza quem foi o autor de A Chave do Inferno. Isso porque, segundo o historiador Benjamin Breen, Cipriano acabou se tornando um pseudônimo para todos aqueles que estavam à margem da sociedade e tentavam praticar magia negra.
Há relatos de “Ciprianos” em diversos locais. A pesquisadora de cultura escandinava Kathleen Stokker aponta que em relatos medievais escandinavos existe a figura de um Cipriano dinamarquês que era tão mau que o próprio Satanás o havia expulsado do inferno. Depois disso, enfurecido por ter sido expulso, ele teria se dedicado a escrever livros sobre magia negra.
Outra lenda envolvendo esse nome é a de que, na realidade, Cipriano seria uma freira mexicana extremamente bonita e sedutora. Há ainda São Cipriano, santo católico que teria sido um mago que invocava demônios, mas depois se converteu ao cristianismo. De qualquer forma, quem realmente escreveu o Clavis Infernis permanece um mistério.
Livro é repleto de símbolos cifrados. (Fonte: Wellcome Collection)
A tradição das diversas vertentes do ocultismo é que o conteúdo dos seus livros não seja aberto a todos. Apenas alguns escolhidos seriam dignos de conhecer os segredos da magia. Assim, não é de se espantar que os escritos de A Chave do Inferno sejam cifrados.
O conteúdo do livro é repleto de símbolos indecifráveis, imagens misteriosas e trechos que invocam espíritos. Há, por exemplo, a invocação de espíritos ligados às direções cardeais.
Maymon - o pássaro negro e rei do sul. (Fonte: The Appendix)
Outro trecho interessante é composto de sinais alquímicos, hebraicos e gregos circundando um dragão que engole um lagarto. Logo abaixo do dragão é possível ver uma espada e um galho que fazem referência ao poder de Deus de criar e destruir tudo.
Trecho mistura símbolos alquímicos, gregos e hebraicos. (Fonte: Slate)
Em outro trecho, a imagem ilustra uma passagem do Livro do Apocalipse da Bíblia que descreve uma figura cercada por sete castiçais, cuja cabeça e cabelos eram brancos como lã e os olhos eram como chamas. De acordo com a Wellcome Library, museu que guarda o Clavis Infernis, esse trecho se refere ao arcanjo Metatron. Já Benjamin Breen aponta que pode ser um retrato da segunda vinda de Cristo devido à referência aos versículos do Apocalipse.
Ilustração pode ser representação de um arcanjo ou do próprio Cristo. (Fonte: Slate)