Artes/cultura
19/06/2023 às 13:00•3 min de leitura
Está no DNA dos humanos a obsessão pelo futuro. Acredita-se que isso se deve à necessidade de querer antever uma narrativa para tentar aprender antes de acontecer – mas isso nunca deu certo. Na Mesopotâmia, governantes buscaram conhecimento do futuro para obter vantagens estratégicas, porém falharam repetidamente em interpretá-las corretamente.
Eles foram incapazes de compreender os motivos políticos e as limitações especulativas desse tempo incerto porque também optaram por ignorar cenários que os forçaram a enfrentar verdades incômodas.
Há a ideia que, quanto mais científica for a abordagem das previsões, mais preciso será o futuro. Mas essa crença causou mais problemas do que resolveu e, olhando para trás na História, muitas pessoas levaram a fama da adivinhação a sério o suficiente para que estivessem dispostas a colocarem sua fé nas mãos de alguns métodos seriamente estranhos e grosseiros.
Essas foram os 3 métodos controversos de prever o futuro.
(Fonte: GettyImages/Reprodução)
Há milhares de anos, em sociedades antigas, cresceu o hábito de usar ossos e esqueletos para exibir mensagens em uma arte de adivinhação chamada osteomancia. Alguns arriscam que os ossos foram escolhidos para a prática por terem um contato profundo com o espírito e o lado divino do ser humano.
Na China de 6600 a.C., os ossos eram queimados e xamãs ou sacerdotes usavam os resultados para espiar o futuro. Esse método foi chamado de piro-osteomancia, e envolvia o uso dos ossos de um animal recém-abatido. Isso foi comum em partes da China durante a dinastia Shang, em que a escápula de um grande boi era usada como meio principal para predição. Perguntas eram inscritas em sua superfície, depois o osso era colocado em um fogaréu para que as rachaduras resultantes do calor dessem aos videntes as respostas para suas perguntas.
(Fonte: GettyImages/Reprodução)
Na Roma Antiga, se você desejava saber sobre o futuro, encontrava-se com um praticante da arte da aruspicação, um método de adivinhação por meio das entranhas de animais sacrificados, especificamente o fígado das ovelhas e aves.
A prática romana foi derivada da religião dos etruscos da Itália pré-romana, um povo conhecido por seus supostos poderes de adivinhação. Toda a vida deles era baseada em espiar o futuro, fosse para uma guerra próxima, ou para saber se a colheita estaria boa na próxima temporada. Eles eram tão confiantes em suas habilidades que nenhuma grande decisão era tomada antes que as estranhas de um animal fossem reviradas.
(Fonte: GettyImages/Reprodução)
No caso dos romanos, foi uma forma de comunicação com os deuses, e em vez de ser usada apenas para prever eventos futuros, também permitiu que os humanos discernissem as atitudes dos deuses e reagissem de uma maneira que mantivesse a harmonia entre os dois mundos.
Durante as batalhas, as entranhas de um animal sacrificado eram inspecionadas pelos romanos em busca da vontade dos deuses conforme as informações coletadas. O fígado, os pulmões e o coração eram os meios que continham o maior número de "sinais" indicando a aprovação ou desaprovação dos deuses.
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A arte de prever o futuro por meio das fezes é uma prática tão antiga e pouco comum que se perdeu no tempo. Na Antiguidade, os escatomantes eram membros influentes de sua comunidade, chamados para ajudar até no diagnóstico médico e nos julgamentos. Sua influência chegou a ser imortalizada em vasos pelos egípcios antigos, que também eram adeptos da prática. Eles costumavam analisar o comportamento dos besouros que sobrevoavam o esterco ou cocô humano, bem como tiravam palpites a partir da aparência das fezes.
Em 2013, o documentário Journey to Planet Sanity colocou o cético Blake Freeman e seu amigo Leroy Tessina, paranoico sobre alienígenas e atividades paranormais, para viajarem pelos Estados Unidos procurando a verdade sobre vários tópicos polêmicos. Em uma de suas paradas, eles encontraram SS Singh, um escatomante profissional que os mostrou como seu trabalho funciona.
Tessina então foi instruído a ir ao banheiro deixar no vaso uma amostra de fezes bem consistente, tirada do sanitário por Singh depositada em uma tigela. Para criar um ambiente, ele queimou sálvia e fez alguns movimentos com as mãos sobre a tigela.
(Fonte: GettyImages/Reprodução)
Segundo Singh, ele conseguiu enxergar que Tessina estava em um momento de transição em sua vida, e que o pedaço de cocô sugeria que ele apoiasse um amigo ou familiar em um projeto em andamento.
“O cocô em forma de charuto sugere liderança, força e longevidade”, disse Singh, que chegou a pegar o dejeto com as mãos. “Quanto mais forte o aroma, mais precisa a previsão”.
A leitura não pareceu ter convencido muito o paranoico protagonista do documentário, mas, como o escatomante mesmo previu, era de se esperar, afinal se trata de uma arte tão esquecida quanto certa.