'Chimpanzomem': o bizarro híbrido de humano com chimpanzé existiu?

Espécies híbridas são relativamente comuns. Elas são o resultado do cruzamento de duas outras espécies distintas, mas com semelhança genética suficiente para gerar um descendente vivo. Embora elas não costumem ocorrer de forma natural, artificialmente elas podem ser encontradas com bastante facilidade.

Entre os casos mais comum estão a mula (cruzamento entre um jumento e uma égua) e as laranjas (pomelo com tangerina). Mas, às vezes, alguns cruzamentos mais curiosos também são realizados, como o ligre (cruzamento entre um leão e uma tigresa) e o chimpanzomem. É isso mesmo que você está imaginando. Este seria o nome de um suposto híbrido entre um chimpanzé e um humano.

Um experimento bizarro

Oliver foi um chimpanzé acusado de ser um híbrido por suas "semelhanças" com humanos. (Fonte: Wikimedia Commons)

Embora pareça um tanto perturbadora, a ideia de um híbrido entre humano-chimpanzé já existe há séculos. Mas a primeira pessoa a propor esse cruzamento de maneira série foi o biólogo russo Ilya Ivanovich Ivanov. Ele havia comentado sobre a possibilidade em 1910 e na década seguinte teria fecundado uma chimpanzé fêmea com espermatozoides humanos, mas a gravidez não ocorreu. Ele chegou a iniciar um novo experimento, desta vez utilizando espermatozoides de chimpanzés para fecundar mulheres voluntárias, porém seu trabalho não foi bem aceito pelo governo soviético, que o exilou no Cazaquistão.

Mas o caso que teria dado resultados positivos — ou algo próximo a isso — pode ter acontecido nos EUA. Segundo o psicólogo evolucionista Gordon G. Gallup Jr., uma pesquisa realizada no Yerkes National Primate Research Centre (primeiro centro de pesquisa de primatas dos Estados Unidos) na década de 1920, resultou em um híbrido humano-chimpanzé.

Gallup disse que um ex-professor universitário lhe falou sobre o caso. “Eles inseminaram uma fêmea de chimpanzé com sêmen humano de um doador anônimo e a gravidez chegou ao final e resultou em um nascimento vivo. Porém, alguns dias — ou semanas — depois, eles começaram a considerar as questões morais e éticas e o bebê foi sacrificado”.

Embora Gallup garanta que quem lhe contou a história seja um cientista com bastante credibilidade, não há nenhuma evidência que sugira que o experimento tenha ocorrido de fato.

O que a genética diz?

Ligre, um híbrido resultado do cruzamento entre um leão e uma tigresa. (Fonte: GettyImages)

Humanos e chimpanzés começaram a se separar entre 4 e 7 milhões de anos atrás. Apesar desse tempo, nós compartilhamos quase 99% do DNA. Isso significa que as duas espécies são muito próximas e que, na teoria, poderiam gerar um híbrido vivo.

Nem mesmo a diferença entre o número de cromossomos — os humanos possuem um par a menos — impediria, já que existem diversos casos assim que resultam em descendentes. O cavalo de Przewalski, por exemplo, possui 33 pares de cromossomos e gera descendentes ao ser cruzado com um cavalo doméstico, que possui 32 pares.