
Ciência
27/02/2021 às 04:00•2 min de leitura
Por muito tempo — e, para algumas pessoas, até hoje — o hímen era relacionado à virgindade: se a membrana de uma mulher ainda estava intacta, acreditava-se que ela não havia tido experiências sexuais.
Embora o sexo (e a virgindade feminina) já não sejam um tabu tão grande na civilização ocidental moderna, ainda há muitos lugares no mundo em que uma mulher com o hímen rompido sofre ostracismo e pode até ser morta em “crimes de honra”. Isso pode ocorrer mesmo que a causa do rompimento seja um acidente ou até um estupro.
Durante séculos, era comum que os maridos expusessem os lençóis manchados de sangue de suas mulheres, após a noite de núpcias. Isso era uma prova de que o hímen tinha se quebrado e a mulher era, portanto, virgem e virtuosa. Esse tipo de prática já rendeu até cena dramática em novela brasileira… Se você assistiu a “O Clone”, de 2001, talvez se lembre do episódio da primeira noite da mocinha Jade com seu marido Said: ele corta o próprio pulso para ter algum sangue para mostrar à família.
A questão é que, hoje em dia, já temos evidências de que essa associação entre o hímen e a virgindade feminina não tem o menor fundamento.
A membrana, que fica perto da entrada do canal vaginal, pode ser rompida por uma infinidade de outros acontecimentos: desde praticar esportes até se masturbar. Também sabemos que existem casos de pessoas com hímen complacente — que apenas se expande durante a relação sexual e volta ao normal, sem se romper. Além disso, não é todo mundo que sangra quando a membrana é quebrada. Há até casos (raros) de gente que nasce sem ela. Isso tudo depende de cada corpo.
Os ginecologistas explicam que o hímen estar intacto ou rompido é algo que não faz qualquer diferença na saúde da pessoa. Isso nos remete à pergunta do título: por que a vagina tem essa membrana? A resposta é: ninguém sabe.
Algumas teorias diziam que o hímen poderia ter surgido no processo de evolução, por conta da preferência dos machos por fêmeas virgens para reprodução.
A questão é que até fêmeas de várias outras espécies de mamíferos também possuem a tal membrana no canal vaginal — e apenas o macho de Homo sapiens se importa com virgindade. Os elefantes, peixe-bois, chimpanzés, alpacas e lhamas não estão nem aí se a parceira já acasalou com outros antes deles.
Levando isso em conta, também há quem diga que o hímen serve para proteger as fêmeas de infecções vaginas — que possam atrapalhar sua reprodução. Mas nada disso foi comprovado cientificamente, ainda. O que se sabe é que a membrana surge quando o embrião feminino está no início de seu desenvolvimento, como um resquício da tampa vaginal (que se abre durante a formação do feto).
O final da história é: o hímen não serve para absolutamente nada, até onde sabemos. Muito menos para atestar a virgindade de alguém — outra coisa inútil.