Artes/cultura
17/09/2021 às 02:00•2 min de leitura
Muita gente sabe pouco sobre o clitóris — e não estou falando do seu ex-cônjuge que tinha preguiça de lhe fazer um agrado, mas sim da ciência.
Durante muito tempo, ninguém estudou essa parte tão importante da anatomia feminina, embora a gente saiba muito sobre o pênis — e aqui não estou falando dos meus amigos promíscuos, mas novamente da ciência —, o órgão masculino sempre foi muito mais estudado que o feminino. A ironia é que estudos recentes comprovaram que os dois órgãos têm muita coisa em comum em sua composição.
Antes de entrar mais fundo na explicação das semelhanças e diferenças entre pênis e clitóris, eu gostaria de deixar uma dica musical: a música Clitopia, da artista americana Dorian Electra, fala justamente sobre essa omissão da ciência e da sociedade em relação ao clitóris. Dê o play enquanto você lê os próximos parágrafos.
Na letra de Clitopia, a artista fala que, quando o clitóris foi finalmente estudado, descobriu-se que ele tinha 10 vezes o tamanho imaginado. Ela não está exagerando: esse órgão vai muito além daquilo que se pode ver na parte superior da genitália. Ao todo, ele tem cerca de 10 cm. A questão é que a maior parte fica dentro do corpo.
Aí começam as semelhanças com o pênis. Vejamos: os dois têm uma glande na ponta, corpos cavernosos eréteis, raízes que ligam o órgão à região púbica e um corpo esponjoso. Bastante coisa parecida, não? O pênis tem mais partes que ficam expostas para fora, porém a estrutura dos órgãos guarda muitas semelhanças.
Acontece que o clitóris e o pênis, por mais que tenham funções diferentes, têm origens embrionárias e estruturas internas parecidas. Por isso, são chamados órgãos homólogos. Os dois são formados pelos mesmos tecidos embrionários e só começam a ficar diferentes ali pela sexta ou sétima semana de gravidez, quando os hormônios sexuais entram em ação.
Para quem nascerá menino, a testosterona faz os tecidos crescerem para fora e se tornarem um pênis. Já nos fetos que nascem menina, não há esse hormônio sexual e órgão cresce para dentro mesmo. Mas a origem dos dois é a mesma, o que ajuda a explicar as semelhanças.
Em várias partes da letra, Dorian também fala sobre o tabu em relação ao prazer feminino e sua relação com o clitóris. Em resumo, essa é a principal zona erógena do corpo feminino: “a fonte do prazer”, como diz a letra. Ao contrário do pênis, que serve também para fazer xixi, o clitóris existe só para gerar prazer.
Mesmo em um órgão muito menor, na parte de fora, o clitóris tem muito mais terminações nervosas que qualquer pênis. São cerca de 8 mil contra algo entre 4 a 6 mil — mas minhas fontes não especificaram se o número de terminações tem alguma relação com o tamanho do órgão.
É muito louco pensar que tudo isso só começou a ser descoberto bem recentemente: foi só em 2005 que a urologista australiana Helen O'Connell descreveu a anatomia do clitóris com mais precisão. Quem têm clitóris precisa conhecer seu corpo e saber como sentir prazer — e quem não tem, também é bom saber para agradar, né? Estimular o clitóris não é só preliminar!