Estilo de vida
27/07/2022 às 02:00•2 min de leitura
O córtex pré-frontal representa um avanço evolutivo fantástico, foi a última parte do cérebro moderno a se desenvolver e é considerado a região cerebral que nos torna “mais humanos”. Ela é responsável pelas chamadas "funções executivas", como planejamento, racionalidade, tomada de decisões e controle de pensamentos.
Ele é essencial para a vida em sociedade, pois é o responsável pelos “freios sociais” que permitem um bom convívio, sendo também muito importante para uma boa saúde mental. É sobre isso que escrevo no meu artigo Córtex pré-frontal: A inteligência orquestra a vida e determina o comportamento e personalidade.
Córtex pre-frontal. (Fonte: gettyimages)
Na pesquisa, eu exemplifico o importante papel dessa região do cérebro na sociabilidade, na saúde mental e demonstro o papel importante de exercitar o cérebro e os benefícios da neuroplasticidade para o córtex pré-frontal.
Um caso citado no artigo é o de Phineas Gage, um jovem que sofreu um acidente trabalhando em uma ferrovia, onde uma haste atravessou o lado esquerdo do seu rosto, o que destruiu grande parte do seu córtex pré-frontal esquerdo.
Após o acidente, a personalidade e o comportamento dele mudaram drasticamente, apresentando mudanças bruscas de emoção, pouca estima pelos amigos e o uso recorrente de palavrões — o que não era seu costume. Apesar desses efeitos, com o tempo, o comportamento de Gage foi melhorando devido à neuroplasticidade.
A neuroplasticidade consiste na reorganização das áreas do cérebro para suprir necessidades cognitivas, moldando suas regiões para executar novas tarefas de acordo com a necessidade.
O caso demonstra que mesmo após graves danos no córtex pré-frontal, o cérebro pode se recuperar, mesmo que parcialmente. Isso nos abre a oportunidade de amenizar sintomas ou prevenir doenças mentais relacionadas a essa área do cérebro.
A leitura ajuda na neuroplasticidade. (Fonte: gettyimages)
Devido a suas funções ligadas a processos cognitivos emocionais, controle de impulsos, noção de consequências, concentração e racionalidade, essa região cerebral está fortemente relacionada com algumas disfunções mentais, por isso exercitá-la é uma ótima forma de preveni-las.
Ao contrário do que muitos pensam, estimular a neuroplasticidade cerebral não é um processo complexo que exige necessariamente o acompanhamento de um profissional, mas, em alguns casos, apenas a adoção de novos hábitos já é o suficiente para estimular o cérebro. Inclua na sua rotina o costume de ler, pratique exercícios físicos regularmente, saia da sua zona de conforto e tenha um sono de qualidade.
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Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, colunista do Mega Curioso, é PhD em Neurociências; mestre em Psicologia; Pós Graduado em neuropsicologia, entre outras pós graduações; licenciado em Biologia e em História, tecnólogo em antropologia, jornalista, especializado em programação Python, Inteligência Artificial e tem formação profissional em Nutrição Clínica. Atualmente, é diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito; membro ativo da Redilat; chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, cientista no Hospital Martin Dockweiler, professor e investigador cientista na Universidad Santander.