Ciência
05/09/2022 às 12:00•2 min de leitura
Alguns estudos apresentam resultados que surpreendem até mesmo os próprios pesquisadores.
Esse é o caso de uma pesquisa financiada pelo National Institutes of Health (NIH), EUA, e publicada no Journal of Allergy and Clinical Immunology, apontando que pessoas portadoras de algumas alergias alimentares são menos propensas a contraírem covid-19, em relação a quem não tem alergias.
(Fonte: Shutterstock)
O estudo em questão ainda obteve evidências significativas de que a asma não é um fator de risco para cargas virais mais altas, sintomas mais graves ou maior possibilidade de transmissão do SARS-CoV-2.
O estudo intitulado Human Epidemiology and Response to SARS-CoV-2 (HEROS) foi conduzido com base no monitoramento de 1.400 famílias, onde cerca da metade dos indivíduos participantes apontaram ter alergias alimentares, asma, eczema ou rinite alérgica.
O acompanhamento foi feito entre maio de 2020 e fevereiro de 2021, mas os resultados foram somente divulgados agora.
(Fonte: Shutterstock)
Segundo as análises apresentadas pelos pesquisadores, as pessoas com alergia alimentar tinham quase 50% menos chances de serem infectadas pelo vírus causador da covid-19. Por outro lado, indivíduos com outras condições alérgicas não foram relacionados a riscos menores.
Conforme os cientistas, a intenção inicial do estudo era chegar a uma conclusão mais clara sobre se a asma autorreferida, bem como outras doenças alérgicas, podiam ser associadas a um nível maior de transmissão da doença ou infecções mais graves.
Aliás, a asma diagnosticada clinicamente foi descartada como fator de risco para infecção por SARS-CoV-2, assim como eczema atópico, rinite, febre do feno e alergia respiratória das vias superiores.
Para entrar no organismo humano, o SARS-CoV-2 se liga a uma proteína receptora chamada ACE2. Nas pessoas com as alergias alimentares, esse receptor existe em menor quantidade, logo, o vírus tem menos chances de invadir e se espalhar pelas células do corpo.
Por outro lado, pessoas com diabetes, obesidade e fumantes, tem quantidades maiores do receptor ACE2, sem contar que por si só essas condições são consideradas fatores de risco para quadros mais graves de covid-19.
Embora seja uma descoberta interessante, isto é, saber que determinadas condições que se pensava serem capazes de piorar um quadro de infecção por SARS-CoV-2 tem o efeito oposto, os pesquisadores alertam ser preciso ter cuidado.
Ou seja, não é para o indivíduo com alergia alimentar achar que está imune a doença.
(Fonte: Shutterstock)
Os cientistas responsáveis por essa pesquisa dizem ser provável que outros fatores, além das alergias e da expressão da proteína ACE2, ajudem a explicar o resultado do estudo.
Por exemplo, é comum que pessoas com as condições citadas evitem ambientes fechados, o contato com objetos e outros indivíduos. Ou seja, devido as suas alergias, elas já adotam comportamentos que as ajudam a se proteger da covid-19.
Por fim, vale lembrar que, independentemente de qual alergia você tenha, a vacinação é a melhor maneira de se proteger contra a infecção por covid-19, especialmente quando aliada a outras boas práticas, como higienização das mãos.