Artes/cultura
05/03/2023 às 07:00•2 min de leitura
Existem muitas doenças contagiosas no mundo, mas seria o estresse uma delas? Algumas pesquisas indicam que sim — e faz todo sentido que isso aconteça dessa maneira. Como demonstrado por um estudo de 2013, as emoções podem ser transmitidas de uma pessoa para outra e reproduzidas, graças aos chamados "neurônios-espelho".
Eles são ativados quando vemos uma pessoa fazer algo como bocejar e sentimos uma vontade de fazer isso, logo em seguida. Portanto, se o bocejo é "contagioso", o mesmo poderia ocorrer com o estresse.
Em 2014, um artigo publicado no jornal científico Psychoneuroendocrinology demonstrou que ver uma pessoa estressada é o suficiente para fazer o nosso organismo liberar cortisol — um dos hormônios ligados à reação de estresse. O fenômeno foi chamado de "estresse empático" e, embora seja mais frequente quando vemos alguém querido sofrer, também pode acontecer pela empatia com estranhos.
Outro estudo publicado no mesmo ano, no jornal Interpersona, sugeriu até que uma pessoa estressada pode "contaminar" todos os colegas de escritório.
(Fonte: Drazen Zigic/Freepik)
Assimilar as emoções de outros humanos faz todo sentido para a sobrevivência da espécie — portanto, é compreensível que tenhamos essa característica até hoje. Assim, nós podemos comunicar nossa ansiedade ou medo de alguma ameaça sem dizer uma palavra.
Isso acontece com diversas espécies, aparecendo até em estudos com ratos: se eles veem um "colega" estressado, seus níveis de hormônios do estresse também aumentam, ainda que eles próprios não sejam impactados diretamente pela ameaça. Essa é uma ferramenta essencial de sobrevivência, pois permite que todos estejam cientes das ameaças e possam se proteger.
Nesse ponto, não importa se estamos diante de um predador ou ficamos estressados com desafios do dia a dia: a resposta fisiológica é muito parecida.
(Fonte: samer daboul/Pexels)
Esse é o problema do estresse nos seres humanos modernos: embora a ansiedade seja uma resposta fisiológica importante, nos preparando para ameaças, nós sofremos de estresse por muitas questões cotidianas. Isso deixa esses hormônios ativados por muito mais tempo que o normal, fazendo mal à saúde mental e física.
Nesse caso, "pegar" o estresse de outra pessoa pode ser bastante prejudicial. E a receita para "evitar o contágio" é separar a empatia do estresse: toda reação ao estresse depende de como encaramos a ameaça. Ou seja, podemos reagir de formas diferentes a cada situação.
A partir disso, é possível compreender quando estamos estressados pelos nossos problemas, ou estamos nos influenciando por outras pessoas ao nosso redor. Tendo isso em mente, você pode até se compadecer e tentar ajudar, mas sem se afetar diretamente por essas situações.
Além do autocontrole, atividades como respirar fundo, tomar ar fresco e fazer atividades físicas podem diminuir as reações de estresse — e diminuir os efeitos do contágio.