Ciência
02/09/2023 às 05:00•2 min de leitura
De tempos em tempos, aparecem algumas notícias internacionais descrevendo a ocorrência de casos da fasciíte necrosante, uma infecção provocada por bactérias comedoras de carne. Ela costuma ocorrer com mais frequência nos meses de verão, pois essa bactéria tende a se espalhar em praias públicas, piscinas e rios.
Em agosto de 2023, três pessoas morreram em Nova York e Connecticut, nos Estados Unidos, após entrarem em contato com a bactéria Vibrio vulnificus, que vive na água do mar e em mariscos. Como em breve estaremos no verão no hemisfério sul, trazemos neste texto várias informações que você deve ter sobre essa doença.
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A fasciíte necrosante ou necrotizante (FN) é uma infecção rara e grave, que se caracteriza pela necrose progressiva do tecido cutâneo e dos músculos. Ela foi identificada pela primeira vez em 1871 por um cirurgião militar americano, Joseph Jones. Em 1952, Wilson Ben, em 1952, foi o primeiro a descrever a necrose do subcutâneo e da fáscia (tecido conjuntivo do corpo) superficial.
De acordo com estimativas do Center for Disease Control (CDC), são relatados nos Estados Unidos cerca de 500 e 1500 casos de fasciíte necrosante anualmente. A mortalidade varia entre 13% e 76%, de acordo com a rapidez com que o diagnóstico é feito e as formas de tratamento da pessoa vitimada.
A doença é causada por diferentes cepas da bactéria Streptococcus do grupo A, sendo o tipo mais frequente o Streptococcus pyogenes. Quando a bactéria entra em contato com o corpo humano, a partir de um corte ou queimadura, ocorre uma infecção que se espalha rapidamente pelo organismo. Entre os sintomas, estão a febre alta, a dor intensa e a morte do tecido no local da infecção (ou seja, ocorre a necrose).
Também costuma ocorrer uma perda de sensibilidade na região e inchaço rápido e anormal de acordo com o tamanho da ferida. Quando algum sintoma desse tipo é detectado, os médicos costumam fazer biópsias de tecido e exames de sangue para confirmar que se trata da fasciíte necrosante.
Assim que a doença é confirmada, o tratamento é feito por meio de antibióticos intravenosos, cirurgia para a retirada do tecido infectado e transfusões de sangue para controlar a infecção. Caso a enfermidade avance, pode ocorrer a falência dos órgãos ou a sepse.
(Fonte: GettyImages)
Uma vez que essa doença é contraída pela água, o CDC recomenda que se evite entrar em qualquer tipo de banho público caso a pessoa tenha alguma ferida aberta no corpo. A recomendação inclui praias, rios, lagos, piscinas e banheiras de hidromassagem, mesmo que a água esteja tratada com cloro, pois não há garantias de que a substância elimina a bactéria Streptococcus.
Cortes e feridas presentes na pele, por menor que sejam, devem ser sempre limpos com água e sabão. Se possível, usar também um bactericida. Pessoas que estejam com o sistema imunológico comprometido por outras doenças, como o câncer, precisam ter ainda mais cuidado com este tipo de exposição, pois estão mais propensas às complicações.
Acredita-se que o aquecimento global pode trazer algumas consequências sobre a incidência da doença. Segundo um estudo de 2023, publicado na revista Scientific Reports, o aumento da temperatura dos oceanos pode ter tornado a fasciíte necrosante mais comum, já que a bactéria Vibrio vulnificus tem melhores condições para se desenvolver.
Contudo, é importante lembrar que essa é um enfermidade considerada rara, e não é preciso ter pânico. O ideal é sempre procurar manter-se saudável e cuidar bem do próprio corpo. Caso note alguma parte da pele que pareça avermelhada e infeccionada, sobretudo no verão, é recomendado procurar a avaliação médica.