Ciência
13/11/2023 às 12:00•2 min de leitura
Diagnosticado com Mal de Parkinson há cerca de 20 anos, um homem finalmente voltou a andar normalmente após passar por um tratamento experimental. Aos 63 anos, o francês Marc Gauthier agora consegue caminhar por vários quilômetros sem episódios de quedas.
A doença degenerativa fazia com que suas pernas "travassem" diversas vezes ao dia, levando o homem a cair caso estivesse no meio de uma caminhada. Agora, graças a um implante em sua coluna, Gauthier pode andar sem medo de se acidentar.
O tratamento do francês consistiu em uma cirurgia para a inserção de um implante na espinha dorsal. O equipamento, um aparelho neuroprostético, envia estímulos elétricos à coluna vertebral do paciente na esperança de "acordar" neurônios motores desativados pela doença. O estudo referente ao caso foi publicado no repositório do periódico científico Nature.
Tratamento com implante experimental envia estímulos elétricos à coluna vertebral, impedindo o congelamento das pernas e evitando quedas (Fonte: Getty Images/Reprodução)
No passado, o tratamento havia sido aplicado em outros portadores de Parkinson, mas os resultados não haviam sido tão satisfatórios. Nestes casos, o implante havia sido alocado em regiões superiores da espinha dos pacientes, resultando em alguma melhora, mas nada comparado ao resultado obtido agora.
O mal de Parkinson é uma doença neurológica sem cura que causa problemas na movimentação, afetando os neurônios motores. Pacientes que sofrem da doença podem ter tremores involuntários, rigidez muscular, lentidão nos movimentos e perda de equilíbrio, além de dificuldades para escrever e até falar.
Entre outros sintomas, o Mal de Parkinson causa tremores involuntários e desquilíbrio, levando a quedas (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Gauthier recebeu seu implante em uma região mais baixa da coluna, na altura da lombar, com o neuroprostético focado exclusivamente em auxiliar no movimento das pernas. O aparelho envia estímulos elétricos aos neurônios motores afetados pela doença, "corrigindo" os sinais enviados incorretamente pelo cérebro por causa da doença.
Agora, sempre que os sensores do implante identificam que Gauthier está andando, inicia-se um processo de correção de estímulos enviados aos neurônios motores. Desta forma, o francês é capaz de andar sem que suas pernas travem, evitando que ele caia. O aparelho neuroprostético foi calibrado para manter o padrão normal de caminhada do paciente quando não há episódios como os que levavam a quedas.
Hoje, quase dois anos após o procedimento, os resultados do implante experimental foram até melhores do que o esperado: o francês voltou a andar com quase tanta naturalidade quanto a de alguém que não sofre de Parkinson. "Todo domingo vou ao lago e ando cerca de 6 quilômetros," disse Gauthier ao The Guardian.
Após dois anos com o implante, paciente francês afirma ter o hábito de caminhar vários quilômetros aos domingos (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Antes do tratamento, o francês chegava a cair em média seis vezes ao dia enquanto tentava fazer tarefas do cotidiano. Por conta da Doença de Parkinson, ele teve de parar de trabalhar três anos atrás e até mesmo ir ao mercado se tornou algo quase impossível de fazer. Como resultado, o francês começou a passar os dias sem sair de casa para evitar o risco de se acidentar.
Porém, com o implante, esta realidade mudou e ele agora pode sair e andar sem medo de suas pernas congelarem no meio da caminhada.