Artes/cultura
19/08/2024 às 15:53•3 min de leituraAtualizado em 19/08/2024 às 15:53
A mente humana é fascinante e ainda não há tecnologia capaz de reproduzi-la perfeitamente – por mais que as inteligências artificiais tentem. E a Psicologia é a ciência que visa desvendar os comportamentos, pensamentos e emoções humanas.
Por que agimos de determinadas formas? Até que ponto podemos ser influenciados? Como certas situações interferem em nosso autocontrole? Em busca de respostas para perguntas como essas, diversos experimentos psicológicos foram realizados ao longo da história e nos ajudaram a compreender aspectos importantes sobre a natureza humana.
Continue lendo para explorar três desses experimentos que são até hoje considerados marcos, ainda que polêmicos, na área da Psicologia!
Em 1951, o psicólogo polonês Solomon Asch conduziu um experimento com o objetivo de descobrir até que ponto a opinião de um indivíduo pode ser influenciada pela decisão de um grupo, mesmo sabendo que essa decisão está errada.
No estudo, grupos de oito participantes – todos homens jovens e brancos – foram convidados para fazer parte de um “teste de percepção visual”. Mas, na verdade, apenas um indivíduo era o objeto real do estudo. Ele, então, era apresentado a cartões com linhas desenhadas e solicitado a comparar o tamanho das linhas.
Havia sempre uma resposta clara e simples, a qual o indivíduo sempre acertava. Nas rodadas em grupo, entretanto, os participantes falsos davam respostas erradas. Ao ver que a maior parte do grupo respondia de forma equivocada, o participante, por vezes, escolhia a errada também.
O experimento teve cerca de 12 rodadas e 123 homens participaram do estudo, que identificou que apenas 23% dos indivíduos estudados nunca cederam à pressão. Enquanto a maioria entrava em conformidade em alguns momentos, 4,8% dos indivíduos cederam totalmente ao grupo, demonstrando o poder da influência social sobre crenças e opiniões pessoais.
Grande interessado no “behaviorismo”, abordagem que estuda o comportamento, John B. Watson, professor da Johns Hopkins University, conduziu um dos estudos mais controversos e marcantes da história da Psicologia: o Experimento de Little Albert.
Em 1920, Watson e sua aluna-assistente Rosalie Rayner procuraram fazer com que um bebê humano de nove meses, considerado “emocionalmente estável”, desenvolvesse uma fobia. No experimento, “Albert” foi, primeiro, rapidamente apresentado a animais, como um rato branco, um coelho e um cachorro, e objetos como algodão e lã.
A princípio, o menino não demonstrava nenhuma reação de medo aos estímulos, até que, alguns meses depois, Watson e Rayner começaram a assustá-lo com sons altos a cada vez que “Albert” tocava no ratinho. Após um tempo, o bebê começou a ficar “estressado, chorar e tentar se afastar” do animal sempre que o via, mesmo sem o barulho.
Ao final do experimento, os pesquisadores perceberam que a criança passou a “transferir” seu medo do rato para outros objetos brancos e fofinhos sem precisar de estímulos sonoros, ao mesmo passo que “Albert” teve apenas uma reação negativa ao cachorro quando o animal latiu muito alto.
Embora tenha pavimentado o caminho para o desenvolvimento das Terapias Comportamentais, que ajudam a dessensibilizar pacientes de medos e fobias incapacitantes, o experimento de Watson e Rayner seria considerado completamente antiético e até mesmo criminoso nos dias de hoje.
O experimento de prisão de Stanford é considerado um dos mais polêmicos da Psicologia, por demonstrar resultados assustadores sobre como posições de autoridade e poder são capazes de alterar o comportamento.
Em 1971, o professor de Psicologia Philip Zimbardo, da Universidade de Stanford, iniciou um experimento no qual os participantes simulariam o ambiente de uma prisão. Ele selecionou 24 voluntários com características semelhantes: homens, brancos, de classe média, sem antecedentes criminais e psicologicamente saudáveis.
Os participantes foram separados de forma aleatória para formarem dois grupos, o dos carcereiros e o dos prisioneiros. A única instrução recebida foi de que os “carcereiros” não deixassem os outros fugirem da “prisão”. O objetivo era que o experimento durasse duas semanas, mas quando a psicóloga Christina Maslach visitou o local no sexto dia, ela insistiu para que Zimbardo finalizasse o estudo imediatamente.
Isso aconteceu porque os voluntários designados como carcereiros tornaram-se cada vez mais agressivos e tomaram atitudes consideradas brutais contra os “prisioneiros”, como negar comida, impedir o sono e o uso do banheiro, obrigando os outros participantes a fazer as necessidades em um balde, humilhar publicamente, entre outras situações.
Para Zimbardo, o que ocorreu no experimento demonstrou que o abuso de poder era mais decorrente da situação proposta do que da personalidade dos indivíduos. O estudo, embora polêmico, foi utilizado para ilustrar a teoria da Dissonância Cognitiva e resultou em uma mudança no sistema prisional dos EUA, em que adolescentes presos e aguardando julgamento não ficam mais no mesmo ambiente que prisioneiros adultos, para preservar sua integridade.
Experimentos como esses, que marcaram a história, ilustram como a pesquisa psicológica pode revelar insights profundos sobre como a mente humana funciona. É claro que a forma como se desenvolve experimentos hoje é muito diferente, seguindo rigorosas metodologias e colocando a ética e a segurança em primeiro lugar.
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