Ciência
11/07/2024 às 16:00•2 min de leituraAtualizado em 11/07/2024 às 16:00
Um homem nascido no Massachussetts, nos Estados Unidos, se tornou a primeira pessoa a receber um transplante total de laringe enquanto ainda se tratava para o câncer. É a terceira vez que essa cirurgia é realizada, mas a primeira em uma pessoa ainda enferma pela doença.
Com essa notícia, o paciente Marty Kedian, de 59 anos, se juntou a um grupo muito pequeno de pessoas que já haviam sido submetidas a essa cirurgia. A esperança é que, em breve, o procedimento possa ser oferecido a mais indivíduos que perderam a voz nessa situação.
A laringe é uma pequena estrutura tubular localizada acima da traqueia e na frente do esôfago. Ela atua como uma espécie de válvula, que se abre e fecha conforme for necessário para regular o fluxo de ar. Ainda contém as cordas vocais, que formam a voz humana, mas também a epiglote, que impede a entrada de alimentos e líquidos.
Uma doença como o câncer pode afetar a laringe, gerando a necessidade de removê-la. Ocorre que isso pode causar impactos marcantes na vida de um paciente. Dependendo do caso, ele pode necessitar de um tubo de traqueostomia, um tubo de gastrostomia ou mesmo perder a capacidade de se comunicar verbalmente.
Para melhorar a vida desses pacientes, o transplante de laringe foi testado pela primeira vez há cerca de 26 anos. Mas se trata de uma cirurgia complicada e que nem sempre é possível prever quais serão os resultados.
Uma equipe da Mayo Clinic, no Arizona, que está pesquisando sobre esse procedimento, submeteu Marty Kedian à cirurgia no dia 29 de fevereiro de 2024. Seu caso foi diferente aos dois anteriores em que esse transplante foi feito pelo fato de que ele era um paciente de câncer (os outros dois haviam sofrido lesões no órgão).
Durante o seu tratamento, Kedian já havia passado por vários procedimentos para retirar o câncer e preservar a função da laringe, mas acabou ficando com dificuldades para engolir e falar, o que o levou a uma traqueostomia. Por isso, os médicos avaliaram a possibilidade de um transplante.
Ele precisou esperar 10 meses até que surgisse uma doação de laringe no tamanho correto. O procedimento envolveu uma microcirurgia que levou cerca de 21 horas, e que reconectou os nervos que controlam a deglutição e o movimento das cordas vocais.
Após apenas três semanas, o paciente conseguiu falar "olá", sua primeira palavra com a nova laringe. Desde então, ele está melhorando. Em declaração à Associated Press, Kedian disse que, desde que ficou sem sua voz, passou a se sentir muito estranho e perdeu a vontade de ir aos lugares. "Eu adoro falar com as pessoas em todos os lugares que vou, e eu simplesmente não conseguia. Eu queria (recuperar a voz) para poder conversar e respirar normalmente com minha nova neta. Quero ler suas histórias para dormir com minha própria voz", compartilhou.
Agora, após passar pelo transplante, ele tem uma nova chance de isso acontecer. Embora este seja um câncer bastante raro (que contava com 184.615 casos globais em 2020), a perda da laringe acarreta um impacto muito significativo à vida dos pacientes. Agora, milhares de pacientes podem ter esperança de recuperar a sua voz, assim como ele.