Artes/cultura
15/08/2024 às 14:00•2 min de leituraAtualizado em 09/09/2024 às 08:45
O transtorno do espectro autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado por vários fatores, como o desenvolvimento atípico e manifestações ligadas às interações sociais.
Ainda há muito a se descobrir sobre o autismo. E, recentemente, um estudo propôs uma associação entre o plástico e o desenvolvimento de autismo.
O estudo se concentrou na análise na presença do BPA (sigla para Bisfenol A, um componente presente em plásticos duros) no útero de gestantes e sua relação com o desenvolvimento do autismo em meninos.
A pesquisa não sugere que plásticos que contêm BPA causem autismo, mas levanta a hipótese de que esse componente pode ter um papel importante no nível de estrogênio dos bebês e meninos na primeira infância, o que poderia aumentar as chances de que ele tenha o diagnóstico de autismo.
Os seres humanos têm baixa exposição ao BPA, mas ele gera preocupações nos médicos, que acreditam que o componente possa imitar os efeitos do hormônio estrogênio em nosso corpo. Por conta disso, países como a Austrália proibiram a presença do BPA em mamadeiras.
O estudo, feito por pesquisadores australianos, analisou um grupo de 1074 de crianças, sendo que metade delas eram meninos. Eles depois descobriram que 43 crianças (29 meninos e 14 meninas), entre sete e 11 anos, tinham o diagnóstico de autismo.
Os cientistas também coletaram a urina de 847 mães para medir a quantidade de BPA. Em seguida, eles seguiram a análise nas amostras que tinham as quantidades mais altas de BPA. Por fim, coletaram sangue do cordão umbilical dos recém nascidos para avaliar a atividade da enzima aromatase, que está associada aos níveis de estrogênio. Crianças com alterações genéticas que podem indicar níveis mais baixos de estrogênio. O fenômeno é chamado de aromatase.
Com isso, a equipe disse ter encontrado uma ligação entre os altos níveis maternos de BPA e um maior número de diagnósticos de autismo em meninos com baixa atividade de aromatase. Segundo relataram no estudo, havia poucas meninas com diagnóstico de autismo e baixos níveis de aromatase para analisar, o que limitou a análise aos meninos.
Além disso, os pesquisadores também avaliaram os efeitos da exposição do BPA também em camundongos, e notaram um aumento do comportamento de higiene (o que pode indicar comportamento repetitivo) e diminuição do comportamento de abordagem social (que indica interação social reduzida). Também notaram mudanças na região da amígdala do cérebro nesses animais, que é associada ao processamento de interações sociais.
Contudo, os pesquisadores esclarecem que todos esses resultados são prévios e não se pode presumir que o que foi observado nos ratos se reflete nos humanos. “Nem todos os camundongos receberam BPA usando o mesmo método. Alguns foram injetados sob a pele, outros comeram BPA em uma geleia açucarada. Isso pode influenciar os níveis de BPA que os camundongos realmente receberam ou como ele foi metabolizado”, pontuam.